Há alguns dias, a excelente Cora Ronai nos brindou, na ótima coluna semanal que escreve em O Globo, com uma frase talvez mal-colocada, ou mal-elaborada. Ao se referir a uma foto do Cristo Redentor que pensou em fazer, mas não fez, destacou que ela - a tal fotografia - seria redundante, pois não conhece quem não tenha uma 'vista' do monumento. Hoje, quem sabe inspirado na coluna, o jornal, a propósito da festa de 80 anos do Cristo, convida os leitores a enviarem fotos tiradas da janela de casa.
Eu não diria que conheço, literalmente, mas sei que pelo menos 90% das pessoas que moram nessa cidade, abençoada por Deus e bonita por natureza, não conseguem ver o Cristo, exceto por fotos ou nas imagens da tevê. E mais, muitos mais, não conseguiriam fotografá-lo de suas janelas, mesmo habitando no que eu, um dia, chamei de Rio do A, aquele Rio que acompanha a orla marítima e segue - com boa vontade - até o limite entre Barra e Recreio.
O outro Rio, o Rio do B, a cidade que não aparece nos cartões postais, por feia e abandonada, fica para 'lá do túnel', como se dizia, por lá, há alguns anos, e normalmente se debruça sobre monumentos ao desleixo, a bordo de ônibus sucateados, trens calorentos, vans alucinadas e kombis criminosas.
Há algum tempo, por obra e graça das reformas para a Copa do Mundo, os moradores desse Rio estão privados até mesmo da visão do 'monumento' mais próximo de sua realidade: a 'estátua do Bellini', na entrada principal do Maracanã.
É claro que Cora Ronai não teve qualquer intenção menos nobre. Especialmente ela, que sempre encampa boas lutas. Apenas refletiu a ideia glamurizada de um Rio que, na verdade, tem várias faces.
Já ouvi a expressão.. depois do túnel...como se fosse um antes e depois, mas a cidade maravilhosa que tá virando mais pra perigosa, é um local que você vê riquezas naturais e miséria,um contraste.
ResponderExcluirGostaria de lhe convidar pra visitar meu blog.
Abraços,
Patrícia Campos