segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Ministro 'defende' seus interesses

     A Folha de hoje destaca uma entrevista com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, na qual ele defende a atuação da Polícia Federal, garante que a instituição atua "independemente de quem é o réu" e critica o que chama de "pressão política".     Fica clara, na fala do ministro, a alusão às recentes decisões do Superior Tribunal de Justiça, que anulou provas de uma investigação (Operação Boi Barrica) que envolve parentes do presidente do Senado, José Sarney, por terem sido obtidas através de escutas ilegais ('Uma condenação moral', 'O Marco no Blog" de 17 setembro).
     O destemido ministro afirmou ainda que a PF chegou a tal ponto de "enraizamento institucional que ninguém a intimidará". Belas palavras, certamente. Pena que não foram ditas em defesa da atuação dos policiais na recente repressão aos escândalos no Ministério do Turismo. Ou nas investigações que redundaram em provas contra os integrantes do Mensalão e da fabricação de dossiês falsos contra políticos do PSDB.
     Ao contrário. O atual ministro, militante destacado do PT, no mínimo, se omitou quando o Governo lançou uma campanha diversionista, acusando a Polícia de ter exagerado ao algemar os acusados de corrupção no Turismo, numa tentativa clara de desviar o foco da questão.
     Nos episódios anteriores - gravíssimos -, esteve sempre, como deputado federal, ao lado dos que acusaram a PF - subordinada ao Ministério das Justiça - de ser usada para fins políticos. Na entrevista à Folha, José Eduardo Cardoso segue o figurino do 'petista gente boa', mas só quando interessa ao seu partido, ou a alguma manobra, como parece ser o caso atual.
     Ao 'defender' a Polícia Federal, o ministro está, apenas, cumprindo um papel: dar um recado à Justiça como um todo, às vésperas do julgamento do Mensalão.

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