sábado, 3 de setembro de 2011

Crise de dignidade

     Um antigo companheiro da redação do velho Jornal do Brasil, Braulio Neto, cobra hoje, no facebook, uma posição da ABI, dos sindicatos de jornalistas e dos coleguinhas, em geral, sobre a proposta de controle da mídia, que volta a ser defendida publicamente (jamais deixou de fazer parte do ideário) pelo Partido dos Trabalhadores. Controle da mídia - frise-se - é um eufemismo para a velha censura praticada pelas ditaduras de direita e, com muito mais determinação, de esquerda.
     Não vai ser atendido. Nossas representações sindicais são dirigidas, em sua imensa maioria, por militantes e vinculadas à CUT, historicamente unida ao PT. Há alguns meses venho fazendo o mesmo questionamente, as mesmas cobranças. E não apenas em relação aos projetos petistas de manipulação do noticiário. Cobrei uma posição - qualquer uma - quando o presidente venezuelano, Hugo Chávez, fechou emissoras e perseguiu jornalistas.
     Imaginei que haveria uma manifestação - qualquer uma - quando o governo argentino solapou os jornais. Nada. Silêncio absoluto.
     Em contrapartida, basta a Veja - que tem um punhado de defeitos, como todos os meios de comunicação - expor as mazelas do atual Governo e da companheirada (mazelas não desmentidas, é bom destacar) para os ânimos se exaltarem e pipocarem, aqui e ali, exemplos explícitos de culto à crítica a favor, ao tal controle social.
     Há alguns dias, escrevi um texto sobre o tema. Lembrei que no fim de semana imediatamente anterior, diversas revistas e jornais estampavam denúncias exclusivas sobre os 'porões do Poder'. Empresas diferentes, concorrentes entre si; jornalistas das mais diversas formações; estados diferentes; público variado. Em comum, apenas, os - digamos - 'malfeitos' da turma de Brasília.
     E concluí: ou todos os meios de comunicação são compostos por vigaristas sem ética; ou vivemos, nos últimos oito anos e meio, um dos períodos mais nefastos da vida política brasileira.
     A estrondosa manifestação de apoio do PT ao ex-ministro José Dirceu, acusado pela Procuradoria-Geral da República, de ser o "chefe da quadrilha" do Mensalão que assaltou os cofres públicos, ontem, em Brasília, aumentou minha convicção. O Brasil passa pela maior crise de dignidade da sua vida.

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