segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O impasse palestino

     Existe um ponto absolutamente pragmático que torna impraticável qualquer iniciativa palestina de criar um estado independente: a exigência à volta das fronteiras que antecederam a Guerra dos Seis Dias, de 1967, quando Israel conquistou territórios sob o domínio da Jordânia (a Cisjordânia), Egito (parte de Jerusalém e a Faixa de Gaza) e Síria (as colinas de Golâ).
     Os israelenses sequer admitem colocar essas questões em discussão. As áreas ocupadas constituem um verdadeiro cinturão de segurança para o país, que vive sob constante ameaça. Na Cisjordânia, qualquer retrocesso representaria, no mínimo, a obrigação de retirar algo em torno de 300 mil colonos judeus espalhados por mais de 100 assentamentos (considerados ilegais pela ONU). Algo fisicamente dificílimo e politicamente impossível.
     Por seu lado, os palestinos não abrem mão da retomada integral de Jerusalém e da retirada total dos colonos. A Autoridade Nacional Palestina, chefiada por Mahmoud Abbas, que vai apresentar o pedido de reconhecimento do Estado Palestino na ONU, ainda pode ser considerada um pouco menos radical nas suas pretensões, se comparada ao Hamas, que domina a Faixa de Gaza e que prega, simplesmente, a destruição de Israel.
     A iniciativa palestina - que será abortada pelos Estados Unidos, no Conselho de Segurança da ONU, mesmo se aprovada na Assembléia Geral que começa depois de amanhã - acrescenta mais tensão a uma região conflagrada e deixa Israel ainda mais isolado. O país e a relativa calma do pós-guerra de 67 foram atingidos diretamente pelas mudanças políticas que romperam o equilíbrio dos acordos com ditadores expelidos do poder.

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