domingo, 18 de setembro de 2011

Não dá pedal

     Ao contrário do que pregam a campanha de O Globo e alguns desavisados oficiais, o Rio não dá pedal. Andar de bicicleta nos corredores de trânsito - não podemos sequer dizer que temos uma estrutura mínima de ciclovias - é mais do que um desafio, é um risco à integridade física, tal o descompromisso dos motoristas em geral com as normas de segurança e civilidade.
     Além do mais, falar em uso de bicicletas como alternativa válida ao sistema de transporte tradicional, em uma cidade como o Rio, beira o deboche. Andar de bicicleta, por aqui, só é possível em lugares determinados, como o entorno da Lagoa e a orla. Assim mesmo, enfrentando a ameaça dos assaltos.
     Alguém razoavelmente equilibrado pode se imaginar pedalando pela Avenida Brasil, por exemplo, ou pela antiga Avenida Suburbana? Em primeiro lugar, seria necessário um enorme investimento na definição das pistas exclusivas, que atenderiam, na verdade, a deslocamentos curtos. Do Leblon para Ipanema é fácil e extremamente agradável. Eu quero ver pedalar de Osvaldo Cruz para São Cristóvão.
     A bicicleta, no Rio, ao contrário do que acontece em cidades europeias, é apenas uma ótima opção de lazer e um excelente auxiliar na manutenção do preparo físico, não uma alternativa ao carro, ônibus e trens, como seria o ideal. Em alguns bairros afastados (Santa Cruz é um exemplo), funciona, sim, como um elo entre a casa e o transporte, especialmente os trens suburbanos.
     Por ser um obra barata e funcional, a construção de bicicletários em rodoviárias e estações de trem - especialmente nos subúrbios mais distantes - deveria merecer mais atenção. Nessas áreas, o trânsito é menos pesado e os atropelamentos menos assustadores. O resto é jogar para as arquibancadas.

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