domingo, 25 de setembro de 2011

Mais um atentado à dignidade

     Está no Globo de hoje, domingo: um idoso morreu dentro do carro, depois que a família esperou, em vão, que ele fosse transportado para ser atendido no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, município de Duque de Caxias, aqui no Rio. Não havia maca disponível.   
     Talvez o fim fosse inevitável - ele tinha 87 anos. Mas a questão não é exatamente essa. Estava em jogo a dignidade humana, o direito à luta pela sobrevivência. Revoltada, a família do morto não permitiu a retirada do corpo até que perícia chegasse.
     Como mais essa situação intolerável aconteceu hoje, domingo, ainda não houve maior repercussão. Talvez um ou dois médicos sejam demitidos e o governo (seja ele qual for) divulgue uma nota lamentando o ocorrido, como aconteceu há alguns dias, no caso do jovem que foi empurrado para seis hospitais até ser atendido.
     É isso que tem acontecido com uma regularidade assustadora em todo o país. A área de saúde pública - apontada pelo governo anterior como uma referência para o mundo - dá demonstrações diárias de descaso com a população.
     Hospitais mal-equipados, funcionários mal-pagos e material sucateado exibem a face danosa da manipulação da verdade, praticada com esmero em todos os segmentos do poder. Não há dinheiro, alegam criminosamente os nossos dirigentes, ávidos por mais um imposto, outro assalto ao bolso do contribuinte que paga muito e recebe quase nada em troca.
     Na verdade, falta dignidade no trato da 'coisa pública'. Quando algum político defender o aumento da tributação, pergunte se ele aceita reduzir a verba publicitária do governo. Essa gente explora a falta de informação e vive do marketing da fantasia.

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