quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Estado palestino? Qual?

    Há uma pergunta que se pode fazer hoje, quando o Brasil, através da presidente Dilma Roussef, pediu o reconhecimento do estado palestino, na abertura da Assembléia-Geral da ONU: qual estado? O liderado por Mahmoud Abbas, na Cisjordânia, do razoavelmente moderado partido Fatah, ou o da Faixa de Gaza, dominada pelo terrorista Hamas, após violento e sangrento conflito?
     Talvez resida na própria indefinição palestina o maior entrave ao avanço das negociações que irrremediavelmente devem desaguar na institucionalização de um estado independente, algum dia. Hoje, Israel não admite imposições, decisões unilaterais. Especialmente agora, quando o frágil equilíbrio político na região parece estar sendo soterrado com as mudanças nos governos com os quais o país mantinha relativa paz, como o do Egito.
     Cada vez mais cercado por indefinições quanto ao futuro imediato e por movimentos que propõem simplesmente sua aniquilação, Israel assume posições duras, negando-se antecipamente a negociar qualquer acordo que inclua o regresso das fronteiras pré-Guerra dos seis Dias, em 1967, quando incorpou as Colinas de Golã e a parte Oriental de Jerusalém.
     A estratégia palestina, de jogar a questão da criação de um estado independente nas mãos da ONU, obedece também a um projeto de marketing político. Mesmo sabendo que a proposta será vetada pelos Estados Unidos, no Conselho de Segurança da ONU, Abbas tenta criar um clima mundial ainda mais favorável às reivindicações de seu povo, ao mesmo tempo em que busca consolidar-se como líder maior dos palestinos.
     É evidente que os palestinos, assim como todos os demais povos, têm direito a pleitear o reconhecimento de um estado independente. Nunca, entretanto, baseado na premissa da destruição de Israel, presente no ideário do fanatismo. Só existe um caminho: a negociação, abandonada justamente pelos palestinos.

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