terça-feira, 6 de setembro de 2011

Um exemplo de não-jornalismo

     Vamos a mais uma ... aula de não-jornalismo (perdoem-me a presunção). E ela vem de O Estado de São Paulo, um jornal sério, com história. Mas esse tipo de 'notícia', como veremos adiante, não provoca qualquer reação dos defensores do controle social da mídia. Ao contrário. Embora contenha trechos inimagináveis em uma reportagem, passaria com louvor em qualquer avaliação petista, por exemplo, por obviamente manipulada.
     O tema da matéria é a revolta de uma tribo guarani, de Mato Grosso do Sul, contra a exploração, pela inglesa Shell, de parte de um território que seria indígena. A área é usada para plantio de cana-de-açúcar, em parceria com uma empresa local, para produção de etanol.
     O protesto partiu de uma tal Survival International, uma dessas ongs que defendem os direitos de povos indígenas pelo mundo. Tudo razoavelmente bem, até que o autor do texto se deixa levar pelo seu (dele) - digamos - componente ideológico. E sapeca as linhas que vocês vão ler a seguir: "Aparentemente, os produtos químicos utilizados nas plantações de cana-de-açúcar parecem causar diarreia nas crianças guaranis."
   
     Prestaram atenção? "Aparentemente" e "parecem", duas expressões que - aprendemos nos primeiros minutos de estágio - devem ser banidas de qualquer texto noticioso.
     Isso quer dizer que devemos controlar socialmente os textos do Estadão? É claro que não. Devemos, sim, ter a capacidade de criticá-los - inclusive através de cartas e/ou e-mails à redação - e extrair o melhor do conjunto. Sendo impossível, outra opção é trocar de jornal. Assim como trocamos de canal.

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