quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Bizarrices do terceiro mundo

     Na primeira página de O Globo de hoje, lado a lado, muito bem-editados, dois momentos marcantes da história recente de um misto de demagogia escancarada e soberba disfarçada: a entrega do título de doutor honoris causa do Instituto de Ciências Políticas de Paris ao cacique caiapó Raoni; e o diploma de cidadão honorário de Paris ao ex-presidente Lula.
     Na verdade, é exatamente o contrário: Lula é o doutor e Raoni o cidadão. Mas bem que um deles poderia ser um cidadão doutor e o outro um doutor cidadão. Ou qualquer outra combinação que alguém imagine. A destacar, de fato, as expressões de condescendente superioridade dos outorgantes. Os sorrisos de 'canto de boca' e o ar 'blasè' dos doutores de verdade parisienses. Reações divertidas às bizarrices do terceiro mundo.
     Reações ao adorno labial de Raoni e ao 'conjunto da obra' do mal-ajambrado ex-presidente, ambos com enorme potencial para estudos antropológicos. Ambos caciques, um deles - Lula - mais do que o outro. Cacique pós-moderno, patrocinado por grande empresas e instituições bancárias ("as elites", como ele costuma se referir demagogicamente aos parceiros de toda hora), contratado a peso de ouro para dar palestras pelo mundo, como a que vai fazer em Londres, patrocinado pelo Santander.

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