sábado, 10 de setembro de 2011

Exército não é polícia

     O Estadão de hoje dá espaço a um tema que fica mais atual a cada tiro disparado no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro: o risco à sua imagem que o Exército vem correndo desde a ocupação desse conjunto de favelas na Zona Norte da cidade.     
     O alerta, na reportagem, é dado por um especialista no assunto, o cientista político Jorge da Silva, que acumula, no currículo, o fato de ser coronel da reserva, ter comandado o Estado-Maior da Polícia Militar e ter ocupado a Secretaria de Direitos Humanos do Rio.
     Segundo ele, o Exército "não foi feito para mediação". Tem toda a razão. As Forças Armadas, em geral, são preparadas para o embate definitivo e não podem sofrer a ameaça de perder o respeito da população, pois são símbolos da Nação.
     Em uma situação extrema, de confronto, um policial pode, até, abrir mão de alguns conceitos e atitudes. É preparado para isso. Um militar, não, pela sua própria formação. Seria impensável, por exemplo, que se repetisse uma cena que ficou gravada na memória de quantos acompanham os enfrentamentos nas favelas cariocas: há alguns anos, uma moradora de comunidade carente, reagindo à presença da polícia, foi fotografada acertando um vigoroso tapa no rosto de um acuado major da PM.
     A foto - perdoe-me o autor, por não lembrar seu nome - ganhou merecidamente o Prêmio Esso e, mais do que isso, inaugurou, para mim, um período de absoluto desrespeito à ação policial, agravado - é claro - pela recorrência de atos indignos dos agentes da Lei.
     Voltando ao cenário atual, fico imaginando uma situação semelhante, envolvendo, por exemplo, um oficial do Exército, da mesma patente. Seria a desmoralização total da instituição.
     As Forças Armadas não podem se dar ao luxo de correr esse risco.

2 comentários:

  1. Pois é, Marco. Os que atribuem tal tipo de missão ao Exército desejam, ao que parece, a sua desmoralização.
    Não há a menor dúvida de que o Exército não está - e não é para estar mesmo - preparado para enfrentar bandidos nos morros cariocas.

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  2. Paulo. Como você, muito mais do que eu, sabe, as Forças Armadas têm suas atribuições constitucionais. Fugir delas, por mais nobres que sejam as intenções, é um risco - repito - desnecessário.

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