sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Um ato vergonhoso

     A pantomima protagonizada ontem por dois deputados federais - um do PSDB e outro do PT - da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara é um retrato pronto e acabado do respeito que nossos congressistas têm pela função e pela Nação.
     Em apenas três minutos, segundo O Globo, os dois representantes do povo aprovaram 118 projetos, desde concessões e renovações de concessões de radiodifusão, a acordos bilaterais entre o Brasil e vários países, passando pela regulamentação da profissão de "profissionais da beleza em geral" (manicures, pedicures, cabeleireiro etc).
     Enquanto um - o do PSDB - 'presidia' (*) a sessão, o outro limitava-se a 'permanecer como estava', aprovando tudo. Pode parecer piada, mas foi issso mesmo o que aconteceu. Na ata de presença - ou seja lá o que for -, entretanto, vão surgir 36 assinaturas, deixadas lá às pressas, antes de suas excelências pegarem o primeiro avião para suas cidades, para mais um longo (quase quatro dias) e muito bem-pago fim de semana.
     É assim que banda toca nas bandas do Congresso, em Brasília. Essa gente que pede nossos votos de quatro em quatro anos mal 'trabalha' três dias por semana (de terça a quinta), ganha salários altíssimos, tem ajuda para tudo e contrata um bando de amigos às custas do nosso dinheiro. E ainda se dá o direito de fazer gracinha, como os dois citados parlamentares, um deles padre (o do PT).
     Omissa e essencialmente medíocre, a maioria dos congressistas contribui para o rebaixamento das instituições, dando - através de palavras e atos - ao poder Executivo a desculpa ideal para legislar através de medidas provisórias, ignorando o Legislativo.
     As grandes mobilizações só aparecem quando há alguma ameaça às vantagens e cota de cargos em ministérios e estatais. A letargia desaparece como por encanto, dando lugar a discursos inflamados, reuniões que avançam pela noite, ameaças, rebeliões.


(*) O presidente, de fato, dessa Comissão é o ínclito deputado federal João Paulo Cunha, do PT de São Paulo, um dos réus no processo do Mensalão. Não pode ser uma comissão séria.

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