segunda-feira, 18 de abril de 2011

Uma aventura caribenha - Capítulo 5

Quinta-feira - 22/07/99 - Um patriarca e seus 'causos'

     Cuiabá - A terça-feira, que parecia perdida, ainda mais depois de um dia inteiro na Transpantaneira, revelou-se extremamente agradável. As normalmente tediosas horas gastas à espera da revisão de um de nossos veícuklos (estamos seguindo rigorosamente às indicações do manual) nos revelaram um personagem absolutamente interessante, 'seu' Piccinin, um misto de fazendeiro e dono de concessionárias (tem uma revenda Chrysler e outra da Mazda), patriarca de uma família capaz de fechar, sozinha, um restaurante, de preferência italiano (são oito filhos e 26 netos).
     Aos 72 anos, ele mantém os hábitos de quando começou a vida, no interior de São Paulo, trabalhando na lavoura, ajudando os pais, imigrantes italianos. Diz que um dos segredos de seu sucesso é dormir com o sol e acordar com ele.
     Um bom par de horas de conversa e já estávamos conquistados pelos seus "causos". Sabíamos, por exemplo, que 'seu Piccinin' é capaz de calcular com precisão absoluta o peso de um boi, ou quantos quilos de banha vai produzir um porco "só com o olhar", conta, vaidoso. Ao lado, um dos filhos confirma, sorridente: "Erra por meio quilo, no máximo".
      Finda a revisão (fomos obrigados, apenas, a trocar o filtro de ar, sacrificado pela poeira da Transpantaneira), seguimos rumo a Vilhena, no meio do caminho para Porto Velho, e foi aí que tivemos o segundo e inesperado encontro do dia: assistimos, na BR-174, a um pôr-do-sol de cinema, literalmente. Foram dez minutos de espetáculo à nossa frente. Afinal, nosso destino era o Oeste.

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