Tragédias como a que aconteceu no Rio inevitavelmente levam a discussões movidas muito mais pela emoção do que pela razão. Tende-se, naturalmente, a encontrar responsáveis por um ato que, por sua natureza, só pode ser creditado à fatalidade, à imprevisível atitude de alguém afetado gravemente por distúrbios mentais. Não há como racionalizar um acontecimento irracional.
Nota-se uma certa tendência, expressa até mesmo em algumas reportagens, de atribuir o desfecho sangrento de um surto psicótico à facilidade de acesso à escola. Não creio que seja o raciocínio mais lógico. As escolas em geral - e as públicas em especial - não podem se transformar em bunkers, isoladas da comunidade.
Ao contrário, escolas como a de Realengo devem estar o mais integradas que for possível às comunidades que as cercam. O envolvimento de pais e lideranças locais é decisivo no processo educacional, que vai além da transmissão de conhecimentos. Quanto mais abertas as escolas, mais vibrantes e inclusivas.
Há, sim, a necessidade de políticas preventivas, que passam pela segurança de alunos e professores. Mas nada que possa inibir a integração, que reduza a liberdade. A presença de agentes, como os guardas municipais, deve ser estimulada, sim, mas encarada como facilitadora desse processo de liberdade, e não como forma de coibir, investigar, policiar.
Quanto mais abertas, mais seguras serão as escolas, pelo natural envolvimento da comunidade, que tende sempre a proteger e a zelar pelos educandários onde seus filhos estudam.
Concordo Marco. Como você deve saber não assisto televisão, mesmo. Mas ontem, domingo, com papai em casa, fui obrigada a ligá-la. Deparo-me com cena dantesca na qual uma criança é exposta e interrogada pelo apresentador Zeca Camargo como se fosse o reality show, Survivor. Não agüentei mais que dois minutos. Com tanta propaganda, talvez o resultado final seja: escolas se transformando em “bunkers” como nos EU. Infelizmente. Por que só “importamos” aquilo que não presta?
ResponderExcluirJanaína.
ResponderExcluirA abordagem de tragédias como essa normalmente tende para o sensacionalismo. Isolar as escolas seria um absurdo, que daria, apenas, uma resposta imediata. Escolas públicas, por definição, devem ser elementos de interação.