sábado, 9 de abril de 2011

Escolas não são 'bunkers'

     Tragédias como a que aconteceu no Rio inevitavelmente levam a discussões movidas muito mais pela emoção do que pela razão. Tende-se, naturalmente, a encontrar responsáveis por um ato que, por sua natureza, só pode ser creditado à fatalidade, à imprevisível atitude de alguém afetado gravemente por distúrbios mentais. Não há como racionalizar um acontecimento irracional.
     Nota-se uma certa tendência, expressa até mesmo em algumas reportagens, de atribuir o desfecho sangrento de um surto psicótico à facilidade de acesso à escola. Não creio que seja o raciocínio mais lógico. As escolas em geral - e as públicas em especial - não podem se transformar em bunkers, isoladas da comunidade.
     Ao contrário, escolas como a de Realengo devem estar o mais integradas que for possível às comunidades que as cercam. O envolvimento de pais e lideranças locais é decisivo no processo educacional, que vai além da transmissão de conhecimentos. Quanto mais abertas as escolas, mais vibrantes e inclusivas.
     Há, sim, a necessidade de políticas preventivas, que passam pela segurança de alunos e professores. Mas nada que possa inibir a integração, que reduza a liberdade. A presença de agentes, como os guardas municipais, deve ser estimulada, sim, mas encarada como facilitadora desse processo de liberdade, e não como forma de coibir, investigar, policiar.
     Quanto mais abertas, mais seguras serão as escolas, pelo natural envolvimento da comunidade, que tende sempre a proteger e a zelar pelos educandários onde seus filhos estudam.

2 comentários:

  1. Concordo Marco. Como você deve saber não assisto televisão, mesmo. Mas ontem, domingo, com papai em casa, fui obrigada a ligá-la. Deparo-me com cena dantesca na qual uma criança é exposta e interrogada pelo apresentador Zeca Camargo como se fosse o reality show, Survivor. Não agüentei mais que dois minutos. Com tanta propaganda, talvez o resultado final seja: escolas se transformando em “bunkers” como nos EU. Infelizmente. Por que só “importamos” aquilo que não presta?

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  2. Janaína.
    A abordagem de tragédias como essa normalmente tende para o sensacionalismo. Isolar as escolas seria um absurdo, que daria, apenas, uma resposta imediata. Escolas públicas, por definição, devem ser elementos de interação.

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