Minha mãe, quando queria criticar algumas de minhas companhias juvenis que não passavam no seu crivo, costumava dizer, repetindo o que ouvia do pai: "Quem anda com porcos come farelos". Se a mim fosse permitido, seria justamente a frase que eu despejaria nos ouvidos dos dirigentes de partidos cujos integrantes trocam de legenda sempre que a oferta é mais consistente.
Não há o que reclamar, cobrar ou coisa que o valha. Em quase todos esses episódios de descaramento político explícito, não há mocinhos e bandidos. Há, sim, personagens investindo em ambições pessoais, desprovidas de qualquer vestígio de ideologia.
Não há luta pela afirmação de princípios, de rigidez, de compromissos públicos. Ao contrário. O objetivo é tirar vantagem de um momento. E os partidos sabem disso. Conhecem bem seus integrantes. E os usam para ampliar a fatia do bolo maior que querem devorar. Ou alguém acredita que o caráter político do prefeito Gilberto Kassab, por exemplo, mudou com o tempo, 'evoluiu' do DEM para o recém-criado PSD. Ou - vá lá - involuiu.
Coerência, mesmo, só encontro nos integrantes de uma agremiação política, o onipresente PMDB. Esses, sim, não mudaram. Continuam os mesmos, fiéis ao governo de plantão, ocupando os primeiro, segundo, terceiro e demais escalões. Com eles não há essa tal de infelidade partidária, essa corrida ao mais vergonhoso quem dá mais. Eles sempre conseguem tudo, do bom e do melhor, independentemente do matiz dos poderosos. São o exemplo cuspido e escarrado da política brasileira.
Os partidos políticos no Brasil, em número excessivo, não definem claramente suas posições ideológicas. Muitos deles, nem sequer tem alguma. Firmam alianças de acordo com interesses de momento, e o PMDB é maior exemplo disso. O único que, a meu ver, mantém uma coerência de princípios em todos esses anos é o PT, ainda que encarnando o que há de mais abjeto na política.
ResponderExcluirPaulo.
ResponderExcluirA citação do PMDB teve um caráter - digamos - irreverente. Concordo, é claro, que o PT vem sendo o mais coerente. Seus integrantes sabem o que querem: um estado dominado por um partido hegemônico, no estilo soviético do século passado.