terça-feira, 19 de abril de 2011

Andando com porcos

     Minha mãe, quando queria criticar algumas de minhas companhias juvenis que não passavam no seu crivo, costumava dizer, repetindo o que ouvia do pai: "Quem anda com porcos come farelos". Se a mim fosse permitido, seria justamente a frase que eu despejaria nos ouvidos dos dirigentes de partidos cujos integrantes trocam de legenda sempre que a oferta é mais consistente.
     Não há o que reclamar, cobrar ou coisa que o valha. Em quase todos esses episódios de descaramento político explícito, não há mocinhos e bandidos. Há, sim, personagens investindo em ambições pessoais, desprovidas de qualquer vestígio de ideologia.
     Não há luta pela afirmação de princípios, de rigidez, de compromissos públicos. Ao contrário. O objetivo é tirar vantagem de um momento. E os partidos sabem disso. Conhecem bem seus integrantes. E os usam para ampliar a fatia do bolo maior que querem devorar. Ou alguém acredita que o caráter político do prefeito Gilberto Kassab, por exemplo, mudou com o tempo, 'evoluiu' do DEM para o recém-criado PSD. Ou - vá lá - involuiu.
     Coerência, mesmo, só encontro nos integrantes de uma agremiação política, o onipresente PMDB. Esses, sim, não mudaram. Continuam os mesmos, fiéis ao governo de plantão, ocupando os primeiro, segundo, terceiro e demais escalões. Com eles não há essa tal de infelidade partidária, essa corrida ao mais vergonhoso quem dá mais. Eles sempre conseguem tudo, do bom e do melhor, independentemente do matiz dos poderosos. São o exemplo cuspido e escarrado da política brasileira.

2 comentários:

  1. Os partidos políticos no Brasil, em número excessivo, não definem claramente suas posições ideológicas. Muitos deles, nem sequer tem alguma. Firmam alianças de acordo com interesses de momento, e o PMDB é maior exemplo disso. O único que, a meu ver, mantém uma coerência de princípios em todos esses anos é o PT, ainda que encarnando o que há de mais abjeto na política.

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  2. Paulo.
    A citação do PMDB teve um caráter - digamos - irreverente. Concordo, é claro, que o PT vem sendo o mais coerente. Seus integrantes sabem o que querem: um estado dominado por um partido hegemônico, no estilo soviético do século passado.

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