sexta-feira, 15 de abril de 2011

A força de duas escolas

     Tenho tido muito prazer em cutucar o passado, exercitar a memória. Há dois dias, casos explícitos de intolerância e discriminação me remeteram a exemplos claros e prazerosos de tolerância e integração vividos no subúrbio de Marechal Hermes. Excetuando uma bobagem aqui e outra ali, havia, nos anos 1950 e 1960, pelo menos, uma grande confluência, estimulada, sobretudo, pelo convívio em duas das ótimas escolas públicas do lugar: Evangelina Duarte Batista e Santos Dumont.
     Quase todos os que moravam do lado esquerdo da estação de trens (observando-se o sentido de Deodoro, a última parada das linhas 13, parador, e 23, direto) estudaram ou tinham amigos que haviam estudado em uma dessas duas escolas. E que depois se distribuiriam pelo Ginásio José Acioly e pela Escola Técnica Mauá. Outros - havia um grupo bem expressivo que estudava na parte da tarde - continuariam unido nos colégios Pedro II e Militar, dividindo os bancos do penúltimo vagão do trem das 10h40. E ainda havia os que vinham 'do outro lado'.
     Nos fins de semana, todos se encontravam novamente, embora não ficassem necessariamente juntos. Esse encontro das tardes/noites dos sábados e domingos e feriados acontecia no canteiro central da larga Avenida Oswaldo Cordeiro de Farias, que vai da praça em frente à estação ferroviária ao Hospital Carlos Chagas e ao Teatro Armando Gonzaga.
     Era ali, nessa enorme passarela ornada por tamarindeiros sempre carregados de frutos, que as mocinhas e mocinhos desfilavam depois da missa das seis na Paróquia de Nossa Senhora das Graças.
     A calçada do lado direito era especial. Mais espaçosa e bem arborizada, com ficus gigantes, era reservada aos casais de namorados.
     No lado esquerdo, algumas barracas, pipoqueiros, a farmácia.

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