terça-feira, 12 de abril de 2011

A tabelinha de Romário e Tiririca

     Tiririca não é, apenas e tão-somente, um personagem que, por um misto de deboche e ignorância, foi consagrado como o deputado federal mais bem votado do país. Tiririca é um estado de espírito, uma essência, um símbolo. Ao usufruir de um dinheiro que jamais deveria ter usado (pagou diárias de hotel de luxo com verba pública), fez apenas o que tantos antes dele fizeram e vão continuar fazendo, com mais ou menos inteligência. Devolveu, é verdade, depois de o caso ter se tornado público.
     Romário, por exemplo, outro destaque das últimas eleições, acaba de conseguir - com o apoio entusiástico do presidente da Câmara, Marco Maia, do PT, é claro - passagem e estadia pagas para assistir ao próximo jogo entre Real Madri e Barcelona, na Espanha, domingo. Ele e Maia estarão juntos nessa farra turístico-esportiva. Para disfarçar o escândalo, montaram às pressas uma visita ao Congresso espanhol, sábado à tarde, ao que parece.
     São apenas dois momentos de um triste espetáculo que vem sendo encenado no país há muitos anos. Há cinquenta anos, São Paulo absolvia o ex-governador Ademar de Barros, sob o argumento de que roubava mas fazia. Hoje, apenas rouba-se. Mesmo de uma maneira indireta, roubo é roubo, e ponto final.
     O perdão público do governo Lula e de seus fiéis escudeiros, no caso do mensalão, é uma evidência de degradação, assim como a presença do ex-presidente Fernando Collor no Senado. Tiririca e Romário? Como dizem os detetives de séries americanas, são peixes pequenos. Mas nem por isso menos danosos ao ambiente político.

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