quarta-feira, 6 de abril de 2011

Povos da selva e ecologistas do asfalto

     O cenário é hipotético, mas absolutamente factível. Estamos em 2001 e o governo brasileiro de então decide construir uma usina no meio da Amazônia, contrariando "os povos da selva" e ecologistas do asfalto. Nos jornais, colunistas de respeito criticam a iniciativa e apontam alternativas, ou, ao menos, novas possibilidades.
   Nada comove esse governo neoliberal, decidido a encarar o desafio da geração de energia para garantir o crescimento sustentado. Em Brasília, centenas de manifestantes - tendo à frente caciques de bermudas jeans e políticos de cérebro vazio - invadem a Praça dos Três Poderes, embalados por gritos de guerra provenientes de carros de som de uma central sindical.
     A situação fica ainda mais efervescente com a notícia das críticas da OEA à iniciativa. Um orador mais ousado, de uma das facções do PT, pede a palavra e o impeachment imediato do presidente que estava destruindo nossas riquezas naturais. O candidato de oposição ao governo reúne os jornais para denunciar a agressão. Estimulado pelas palmas e slogans entoados pelos repórteres, vislumbra a possibilidade de o governo estar, de fato, entregando nossas florestas aos representantes do imperialismo.
     Hoje, praticamente só os índios estão lá. Ainda de bermudas, caras pintadas, mas sem o apoio dos holofotes da exploração política. É verdade que a OEA está contra. Mas ela - nesse caso - é um instrumento do império americano.

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