quinta-feira, 28 de abril de 2011

Um prêmio à lealdade. Ou: prevaleceu a 'omertà'

     A carta - "curta e grossa", segundo Veja - já foi entregue à direção do partido. Falta pouco, portanto, para que Delúbio Soares, ex-secretário do Partido dos Trabalhadores e um dos integrantes (segundo o Procurador-Geral da República) da quadrilha que assaltou os cofres públicos e produziu o maior escândalo de todos os tempos na história do Brasil, volte ao ninho petista, acolhido carinhosamente por quase todos os líderes.
     O Globo também tratou do tema, lembrando que o parceiro mais direto do publicitário Marcos Valério no dia-a-dia do mensalão vai ser recebido num jantar especial na casa da senadora Marta Suplicy (PT-SP). Comes e bebes que, talvez, contem com a presença do ex-presidente, aquele que negou o crime do qual se beneficiou; recuou; acusou companheiros de traição; voltou a negar e, ao sair do Palácio, garantiu que ajudaria a provar que ele - o ato criminoso mais fartamente documentado da história recente da política brasileira - jamais existiu.
     A readmissão de Delúbio Soares no PT, na verdade, tem a importância que lhe confere o simbolismo. Delúbio, em si, é um personagem insignificante, mal-preparado, medíocre, na acepção da palavra (seu depoimento no Congreso, na época do escândalo, foi lamentável, em todos os aspectos). Essa volta aos braços e abraços amigos, após cinco anos de afastamento, representa, para os que se propõem a analisar, o reconhecimento à lealdade de quem calou em nome da - digamos - causa.
     A máfia - nos ensinam os filmes americanos - age assim desde sempre. Os criminosos mais simples, os 'soldados', assumem a culpa dos chefões, garantindo, com esse ato, a integridade física e o amparo de parentes. Aqui, prevaleceu uma espécie de 'omertà cabocla', um código de silêncio que ajudou a preservar o projeto petista de poder.

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