sábado, 23 de abril de 2011

Justiça atira no próprio pé

     O tiro no pé de um juiz, em Juiz de Fora, disparado por um PM, após discussão de trânsito (publicado em O Globo), é mais do que uma ocorrência criminal. É sintomático e - ouso - emblemático. A incidência de casos envolvendo suas excelências, em todos os cantos do país, revela, no mínimo, a falta de preparo de grande parte dos atuais magistrados, guindados às Cortes após testes objetivos de conhecimentos da Lei, mas não de vida.
     A sensação de inimputabilidade, de onipotência, vem se ampliando exponencialmente, costeando, em muitos casos, o fronteira da inconsequência. A toga, historicamente, é um símbolo de equanimidade, lógica, conhecimento, extrema humanidade. Como vem sendo usada em diversas e repetidas ocasiões, mais se assemelha a um escudo contra tudo e todos, uma peça de vestuário capaz de encobrir privilégios e atitudes prepotentes de quem não deveria estar acima da lei, mas a serviço dela.
     Esses episódios lamentáveis de magistrados envolvidos em mesquinhas demonstrações de poder, infelizmente, somam-se a outras evidências de distanciamento da própria essência da função, como as manifestações contra o trabalho em tempo integral e os constantes e absurdos recessos.
    A cada dia, constata-se, os três poderes mais se assemelham, no que há de pior.

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