domingo, 24 de abril de 2011

Uma ameaça à igualdade

     Um levantamento realizado pela revista Veja mostra que 11 governadores eleitos em outubro passado (*) podem perder os mandatos, acusados que são de alguns crimes eleitorais, entre eles o 'abuso de poder político e econômico', o 'uso indevido de meios de comunicação' e 'compra de votos'. Seria cômico, se não fosse ridículo.
     Nenhum deles, e há políticos para todos os gostos, cometeu tantos crimes, tão seguidamente, e demonstrou tanto menoscabo com a Justiça do que o ex-presidente, no seu afã de eleger o sucessor a qualquer preço, tarefa que conseguiu, com certa folga.
     A eleição passada talvez tenha sido a mais conspurcada da nossa história, pela participação deletéria e, sim, criminosa, do presidente da República de então, que não se limitou ao aceitável apoio ao seu candidato. Ao contrário, Lula mergulhou num mar de ilicitudes eleitorais jamais visto, usando e abusando do dinheiro público e do seu prestígio  - que é inegável, embora incompreensível -, sabendo-se acima do bem e do mal.
     Mentiu, distorceu fatos, fabricou inaugurações de pedras fundamentais, trabalhou como cabo eleitoral 24 horas por dia, sete dias por semana, num desprezo total pela liturgia do cargo. Nenhum dos atuais dirigentes foi tão beneficiado por crimes eleitorais quanto a atual presidente, Dilma Roussef, obrigada a 'pagar' multinhas de R$ 5 mil.
     A cassação de governadores, pelos crimes apontados, independentemente do partido de origem, seria aceitável e altamente moralizadora caso a legislação fosse aplicada literalmente, sem olhar o acusado. Como está posta, essa ameaça é uma afronta a um regime que, em tese, é igual para todos.
  
(*) Governadores ameaçados:  Wilson Martins (PSB), do Piauí; Siqueira Campos (PSDB), do Tocantins; Rosalba Ciarlini (DEM), do Rio Grande do Norte; Omar Aziz (PMN), do Amazonas; Cid Gomes (PSB), do Ceará; Teotônio Vilela (PSDB), de Alagoas; Antonio Anastasia (PSDB), de Minas Gerais; Tião Viana (PT), do Acre;  Roseana Sarney (PMDB), do Maranhão; Silval Barbosa (PMDB), de Mato Grosso; e José Anchieta Júnior (PSDB) de Roraima.

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