Ironia em São Januário

     Embora vascaíno apaixonado (sofri até o fim do jogo, ontem à noite), reconheço que há alguma propriedade na frase postada no twitter pelo atacante Leandrão, do ABC de Natal - e reproduzida na Folha de São Paulo. Ele se refere, certamente, ao pênalti em Ramon, que ocasionou o empate, a expulsão de um zagueiro potiguar (já tinha cartão amarelo) e a possibilidade de o Vasco virar o jogo e garantir a classificação para a próxima fase da Copa do Brasil: "Passei a noite pensando no jogo e cheguei a uma conclusão: qual turista vem ao Rio e não é roubado", disparou, com raras ironia e inteligência.
     Foi pênalti? Eu diria que foi um pênalti mais ou menos. Houve o choque, sim, mas era tudo que o lateral-esquerdo do Vasco queria e que o juiz esperava, naquele momento (início do segundo tempo). Fora da área, o lance não causaria polêmica. Falta e segue o jogo, como diria meu amigo Lédio Carmona, comentarista do SporTV e ex-JB e torcedor, como eu.
     Polêmicas à parte, o Vasco, que ainda procura uma definição, teve, ao menos, o mérito de lutar pela vitória o tempo todo. Seus atacantes, como de hábito, perderam muitas chances. Seus defensores, também como vem sendo comum, deram muitas oportunidades a um adversário que chegou para empatar, fez 1 a 0 e poderia ter ido mais longe.
     Destaque maior para a torcida: mais de 19 mil pessoas numa noite de quarta-feira, em São Januário, bairro de acesso não muito fácil. No domingo passado, quase 16 mil torcedores assistiram à goleada (4 a 0) sobre o Bangu. É uma evidência da força dessa paixão que remonta ao século 19.