sábado, 2 de abril de 2011

Os barões da Justiça

     A reação de alguns juízes à ampliação de seus horários de trabalho para padrões dignos e condizentes com a avalanche de processos pendentes, em todo as as esferas, aponta para os piores vícios do país. Funcionários públicos de elite, formados e treinados para atender à Justiça, ainda tão exclusiva e discriminatória, alegam - cúmulo dos cúmulos - que faz muito calor na parte da tarde, especialmente nos estados do Nordeste.
     Certamente suas excelências - que têm direito a dois meses ou mais de férias por ano, disfarçadas sob o nome de 'recesso' - gostariam de aproveitar o sol abundante para uns refrescantes mergulhos nas piscinas de suas mansões (o Judiciário, especialmente na casta de titulares de cortes, está entre os patrões mais camaradas do setor público). Ou - quem sabe? - passeios à beira-mar, com direito a água de coco gelada e, se o mar estiver convidativo, a um mergulho eventual.
     Esse péssimo exemplo de desrespeito ao trabalhador comum, que tem uma jornada diária nunca inferior a oito horas, ganha pouco e ainda se aperta em trens, metrô e em ônibus, quase sempre presos em desgastantes engarrafamentos, é um indicador claro da desigualdade que vigora na nossa sociedade, recheada de duques, barões e condes, quase todos encastelados no setor que deveria ser marcado - antes de mais nada - pela dedicação.
     Num país em que a Justiça frequentemente é acusada de cordata  com os mais aventurados, e de não atender aos reclamos da sociedade - com e sem razão -, uma atitude como essa, que frequenta a manchete dos jornais de repercussão nacional, como O Globo, apenas aprofunda o sentimento de exclusão e revolta.
     Vão trabalhar!

2 comentários:

  1. Terezinha.
    O distanciamento da Justiça é uma das coisas que mais me revoltam. Juízes e quetais vivem num outro mundo, acima do bem e do mal. E eu sou testemunha/vítima dessa malfadada realidade.
    Conto com seus novos comentários. Abraços do Marco Antonio.

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