terça-feira, 31 de julho de 2012

Macacos que ignoram seus rabos

     O texto que se segue foi publicado aqui, no O Marco no Blog, há 13 meses. Lendo o noticiário de hoje dos nossos jornais, sobre tropeços e quetais do candidato republicano à presidência americana, Mitt Romney, lembrei dele - do texto. É atualíssimo. Confiram.
    
     A falta de 'esses' no discurso dos outros é refresco
     Sempre que leio ou escuto críticas feitas por analistas e quetais ao despreparo de presidentes e políticos americanos, em geral, tenho vontade de dar uma sonora gargalhada. George Bush, por exemplo, foi ridicularizado por jornalistas e analistas brasileiros durante os oito anos de seus dois governos. É bem verdade que o ex-presidente fez por merecer muitas das cacetadas que tomou por sua falta de cultura internacional (não estou entrando, nesse texto, no mérito das desastradas escolhas políticas).
     A cada escorregão e/ou gafe - e foram diversos -, lá vinham nossos bravos nacionalistas com gramáticas, mapas e 'orelhas' de livros. E a tal da ex-governadora Sara Palin? Virou 'moeda de troça' nas nossas mesas de bar e cenários da Globo News.
Bush, acho que muitos não imaginam, formou-se na Universidade Yale em 1968 e cursou a Harvard Business School, em 1975. Sara é bem mais modesta: é formada em Comunicação Social, com habilitação em jornalismo (é coleguinha!!!), pela Universidade de Idaho. Além disso, venceu o concurso Miss Pageant Wasilla em 1984, ficou em terceiro no Miss Alasca (é coleguinha nesse item e no próximo, também!!!) e trabalhou como repórter esportiva em Anchorage, no Alasca, estado que governou.
     Por aqui, imune a qualquer crítica, tivemos um analfabeto funcional presidindo o país por oito anos, nos quais dava-se ao direito de bradar as mais desencontradas e estapafúrdias teorias sobre tudo e qualquer coisa. Chegou, no limite, a defender os benefícios da quadratura da Terra e a errar, por alguns milhares de quilômetros, a localização de determinados países, além de reduzir tudo à lógica das arquibancadas de futebol. Sua sucessora não consegue articular uma oração sem colidir o sujeito com o verbo.
     Ministros e senadores da 'base', em especial, exercitam diariamente o bestialógico. Esses (o plural da letra 'esse') foram extirpados da linguagem, como tumores; concordâncias sucumbiram exauridas a mercadantes e idelis. Nesses últimos anos de línguas e ideias presas, o Brasil foi massacrado pelo ridículo dicionário petista.
     E a gente continua dando enormes risadas quando assiste a um republicano qualquer errar a capital da Bolívia.

2 comentários:

  1. Na mosca, amigo!
    Nesses tempos sombrios do lulopetismo ainda há gente por aqui a apontar e criticar as gafes do Primeiro Mundo, esquecendo-se das nossas, tão mais frequentes e "cabeludas"...

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  2. Como diria Gentil Cardoso: os nossos são 'bestiais'; os deles são umas 'bestas'.

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