segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sobre damas, primeiras, ou não

     Prefiro não falar de ex-primeiras-damas. Não falo, sequer, das que ainda o são, exceto quando extrapolam, cruzam a linha e passam a participar do poder, do governo. Não vi a entrevista da ex-mulher do atual senador Fernando Collor, Dona Rosane, ao Fantástico, ontem. Na verdade, não vejo esse programa, assim como quase nunca assisto a programas da tevê aberta. Na pior das hipóteses, quando não há nada razoável nos meus 2.030 canais pagos (o número é uma concessão à minha compulsão à hipérbole), o que não raramente acontece, vou reler o jornal do dia, ver as ofertas dos classificados, sonhar alguns sítios no meio do mato.
     Mas não pude deixar de ser atingido pelas 'revelações' que nossa trêfega ex-primeira-dama - hoje 'convertida', pelo que soube - fez ao país. Nada , como bem já ressaltou um velho companheiro de jornadas, o jornalista Paulo César Martins, que já não fosse de domínio público. Da parceria de mesa com Paulo César Farias aos rituais de 'magia negra' realizados na Casa da Dinda, de melancólica memória.
     Hoje, nos jornais, revistas e nas redes sociais, vejo que Dona Rosane vem sendo ridicularizada, e não poderia ser diferente. Poucas pessoas na posição que ela ocupou foram tão medíocres, simplórias e vazias. Talvez apenas Dona Marisa Letícia Lula da Silva, a única que, em pleno exercício do'cargo', pediu e conseguiu cidadania de outro país (no caso, a italiana), certamente para garantir o futuro dos filhos e netos longe dessas terras brasileiras.
     O deslumbramento com o poder - guardadas as proporções e o tempo - foi igual. Rosane encarnava a plebeia que casou com o príncipe encantado e foi à luta para recuperar o tempo perdido na província. Dona Marisa aproveitou todas as viagens oficiais do marido para flanar por capitais europeias, longe da comitiva oficial. Ficou marcada, também, pela falta de discernimento ao mandar plantar um jardim com o símbolo do partido do marido, uma estrela vermelha, nas dependências do palácio que é de todos os brasileiros, e não dos militantes. E por suas invasões de reuniões do Governo, sem aviso, como se ainda estivesse controlando a vida do marido nos tempos de sindicalista.
     A grande diferença entre as duas é a condescendência conferida a uma e o rigor imposto à outra. Mas ambas, cada uma a seu tempo, foram exemplos dos momentos mais lamentáveis da história recente desse país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário