quinta-feira, 12 de julho de 2012

Retórica mambembe

     Sou obrigado a 'concordar' com a presidente Dilma Rousseff - isso acontece muito eventualmente, especialmente em casos como o que se segue. Um país, como ela garantiu hoje, não se mede pelo PIB. É verdade que ela está se contradizendo, mais uma vez. Há alguns dias, durante encontro que o Palácio do Planalto agendeu às pressas, para se associar ao espírito esportivo da população, garantiu a atletas da nossa equipe olímpica que o PIB iria surpreender, no bom sentido.
     Nesse momento - e não faz muito tempo, como todos nós lembramos - havia uma tênue esperança de o nosso Produto Interno Bruto crescer algo perto dos 3%, apesar das previsões catástróficas. Deve crescer em torno de 2%, e já será uma enorme 'vitória'. Hoje, podemos dizer, sem sombra de dúvida, que caminhamos celeremente para ser o mico do ano, o país de pior crescimento entre as economias emergentes, um fiasco total e completo.
     Imprensada por essa verdade, que o mundo repercutiu hoje, nossa presidente saiu-se com mais essa pérola da retórica mambembe, sacada do fundo da gaveta de um dos marqueteiros de Brasília, aquela gente que vive para criar as fantasias que são empurradas goela abaixo de uma população desinformada. "Um país não se mede pelo PIB", bradou Dilma Rousseff, omitindo a observação que me permito fazer: quando os números não nos interessam, como agora.
     Os fatos - e tomei a liberdade de alinhar alguns, ontem, aqui mesmo no Blog - comprovam a falta de qualquer planejamento do governo. Não há projetos, e sim sacadas de marketing e medidas tomadas a cada semana, ao sabor do momento. Apesar da inexplicável e imerecida popularidade que a atual presidente e seu antecessor emplacaram anos a fio - um enorme mistério, para mim -, nada foi feito de concreto nesses nove anos e meio de desgoverno.
     Ajudado por um momento excepcional da China, em especial, e explorando a disciplina fiscal e o ordenamento deixados pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, essa infindável Era Lula limitou-se a ampliar os programas sociais já existentes, distribuindo renda - o que é louvável -, mas de olho nos votos. A indústria afunda em inércia, retraindo-se a cada semestre. O comércio ampliou a base de clientes, mas à custa de um previsível aumento da inadimplência.
     Nossos portos, aeroportos e estradas continuam medíocres. Não avançamos um milímetro nas reformas indispensáveis ao desenvolvimento. A corrupção jamais teve tamanha dimensão. O Estado patina e suga nossas reservas. Não há uma política cambial segura. Em uma semana, o dólar baixo é ótimo. Na seguinte, um desastre.
     É verdade, presidente. Um país não se mede pelo PIB, apenas. Mas pode ser mensurado pela seriedade dos seus projetos e pela competência de seus gestores. E nesse ponto, acho difícil apontar ministérios tão limitados e simplórios, além de corruptos, quanto os dos últimos governos petistas.

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