sexta-feira, 13 de julho de 2012

A posse do curinga

     O Senado já está com sua lotação completa. Nossa infelicitada República recebeu hoje pela manhã o substituto do cassado Demóstenes Torres, o agora senador Wider Morais, do democratas goiano. E ele chegou de surpresa, como informam nossos jornais e revistas, para ficar seis anos e meio, tempo que ainda restava para seu antecessor, banido da vida parlamentar a bem da dignidade (continuou na pública, ao reassumir seu cargo - é inacreditável!!! - na Procuradoria Geral de Goiás).     
     Wilder desembarca em Brasília precedido por rajadas de denúncias, suspeitas e tudo o mais que cerca grande parte do Congresso desses últimos anos. A mais grave: seu relacionamento - digamos - estranho com o contraventor Carlinhos Cachoeira. E não estou me referindo aos entreveros românticos, desavenças e avenças conjugais. O que interessa ao país é a relação que seu mais novo senador eventualmente teve e tem com um acusado de crimes e que está preso.
     Embora limpa formalmente, a ficha do 81º senador que desemboca em Brasília chega manchada por conversas, trocas de acusações, acordos, acertos, indicações e tudo o mais que a dignidade manda evitar. Em circunstâncias normais, em um país em que seus representantes zelassem pela moralidade, acima de qualquer coisa, Wider deveria ter se considerado impedido de assumir o cargo. Não teria, sequer, de se explicar a seus eleitores, pois não teve um único voto para chamar de seu. Entra na cota dessa jabuticaba institucional que dá direitos e poderes a alguém que, em regra, apenas compra um lugar ao sol, contando com a 'boa vontade' do titular, uma nomeação para ministério ou - quem sabe? - com uma providencial cassação de mandato.
     De toda essa exibição do quanto a vida pública pode ser deplorável, resta uma esperança: que o ex-senador e agora procurador de Justiça (só mesmo no Brasil ...) cumpra as ameças veladas que fez e saia derrubando os castelos de cartas construídos em torno da corrução, da promiscuidade entre os poderes, da mais indiga e repugnante 'concertação' entre o que é público e o que surge da privada.

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