terça-feira, 10 de julho de 2012

Por eleições menos entediantes

     Se há algo insuportável nesse período eleitoral - entre os muitos destaques negativos, entre eles a asquerosa convivência com fichas, história e mentes sujas - é o disse-me-disse entre os candidatos, principalmente a cargos majoritários. Como se fossem menininhos brigando na rua, durante pelada, trocam xingamentos, provocações, graçolas e fuxiquinhos, garantindo a reportagem de cada dia que alimenta suas pretensões.
     "O Haddad disse que o Serra tem medo de povo", repercutem idiotamente nossos jornais, como se essa declaração tivesse alguma importância. "Serra acusa Haddad de andar e más companhias", rebatem no dia seguinte, atendendo à política de dar espaços iguais a imbecilidades semelhantes. Embora carioca, estou me fixando no exemplo paulistano, por ser a disputa mais importante e a mais sujeita a esse tipo de discurso vigarista, especialmente por envolver o PT, mestre em apelações. Aqui no Rio, prevê-se um vitória fácil de Eduardo Paes, principalmente pela absoluta falta de concorrência. Não, ele não é o meu candidato. Nossa única afinidade é clubística.
     Os temas que realmente deveriam estar em discussão aparecem de raspão, e mesmo assim usados de maneira vulgar, manipulada. Sem medo de errar (ou de, pelo menos, errar por muito), poderia garantir que o eleitor jamais fica sabendo, de fato, quais as propostas efetivas de cada candidato e o ideário de cada partido.
     A cada eleição - um instrumentosaudável que deveria ser saudável e revigorante, pelo efeito que provoca nas nações - esbarramos em mediocridades ainda mais acentuadas, em brigas de esquina. De um prefeito - teoricamente - deve-se exigir projetos específicos para sua cidade, mas não se pode perdoar a falta de identificação ideológica, compromissos programáticos.
     Paralelamente, acompanhamos essa também deplorável troca de acusações de uso indevido do direito à propaganda eleitoral, sacramentada pela Justiça, com multas que beiram o rídículo e que jamais são pagas pelos candidatos. Imagino, para o bem do País e felicidade geral da Nação, algo semelhante às regras de futebol: na primeira falta de pudor explícita, advertência; na repetição, expulsão sumária do jogo e suspensão automática da 'peleja seguinte' - uma cassação direta do direito à participar da eleição seguinte.
     Se nossos jornais, revistas e emissoras de trádio e tevê ignorassem essa troca de insultos idiotas que permeia as eleições e exigissem compromisssos formais dos candidatos, com plataformas claras e objetivas; e se nossa Justiça fosse mais rígida com esses surtos de desrespeito à lei, talvez - e só talvez - as eleições como a que se apresenta agora contribuíssem para melhorar a qualidade da nossa democracia.

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