terça-feira, 10 de julho de 2012

As mutações do prefeito

     Um antigo e caro companheiro de velhas jornadas, o botafoguense e jornalista José Sérgio Rocha, já se manifestara contra essa enorme bobagem, que me parece nada mais do que uma nítida necessidade de aparecer, de mostrar poder. Não vou cometer a irresponsabilidade de especular que há interesses políticos norteando o comportamento do procurador regional eleitoral do Rio de Janeiro, que se apresentou logo para criticar a participação do prefeito Eduardo Paes na entrevista oficial do astro Seedorf, realizada no Palácio da Cidade. Prefiro acreditar que foi um surto provocado pelas alturas.
     É verdade - ninguém pode negar - que o vascaíno Paes aproveitou, sem o menor pudor, para tirar sua lasca na festa alvinegra. Mas, certamente, essa malandragem foi uma das menos relevantes já registradas na história recente das nossas eleições. Se Paes merece uma reprimenda - até mesmo umas palmadas -, o ex- presidente Lula, por exemplo, deveria estar purgando pena perpétua pelas atrocidades que cometeu na campanha da atual presidente Dilma Rousseff, quando desmereceu - pela enésima vez - o cargo que ocupava e reproduziu momentos da mais absoluta vigarice política.
     Os detentores do poder, candidatos à reeleição, em especial, usam e abusam da exposição que o cargo lhes oferece. É um dos lados bons, entre os muitos outros, de quem governa. Quando em bom momento - como o de Paes, sou forçado a admitir -, correm para os abraços, enfrentam prazerosamente holofotes e flashes, dão-se a folguedos, encarnam a felicidade. Tudo por mais alguns segundos nas tevês ou centímetros nos jornais.
     Os que criticam - como o candidato do Psol, Marcelo Freixo - normalmente repetem atos semelhantes. Aparecer sorridente ao lado do holandês Seedorf de certo foi o menor dos pecados cometidos pelo nosso esfogueado alcaide. A grande crítica que se pode - e deve - fazer a ele está ligada à sua esfuziante capacidade de mudança, às trocas de peles políticas. Paes, não podemos esquecer, vai ter como adversários, também, Rodrigo Maia, a cria física do seu criador político, o ex-prefeito César Maia, ainda nos tempos de PFL; e o insistente e fadado à derrota Otávio Leite, representante eterno do PSDB por onde Paes também esteve.
     Em compensação, o mais bem colocado candidato à Prefeitura do Rio terá a seu lado os integrantes do PT, partido que ele demonizou com ênfase e razão, quando da CPI do Mensalão. O PMDB atual é apenas mais um porto no caminho que Paes traçou desde quando era um dos meninos do César Maia, à frente de uma subprefeitura.
    

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