sábado, 21 de julho de 2012

A indignação deve ser generalizada

     Há uma comoção no ar, desde que o ex-senador Demóstenes Torres, do DEM, reassumiu o posto no Ministério Público de Goiás, depois de ter sido expulso do Congresso a justos pontapés, por seu envolvimento com as trapaças do contraventor Carlinhos Cachoeira. Não há a menor dúvida de que o fato é uma excrescência. Alguém tão claramente envolvido em bandalheiras não pode, de maneira alguma, ocupar um cargo com a relevância e implicações inerentes ao Ministério Público. As punições deveriam ser automáticas.
     Eu sei que há o direito à defesa e que Demóstenes não foi julgado na esfera criminal pelas vigarices que não podem ser desmentidas, face às gravações feitas pela Polícia Federal. E se não foi julgado, ainda não é um criminoso de papel passado, juramentado, embora não haja a menor dúvida quanto à sua culpa.
     O que espanta e provoca indignação, de fato, é não haver um mecanismo que possa ser ativado em cicunstâncias como essa, uma espécie de 'habeas corpus' ao contrário, a possibilidade de ser considerado culpado, até que consiga provar a inocência. Um julgamento moral. Se esse mecanismo existisse, certamente Demóstenes não estaria - tecnicamente - apto a investigar crimes de outros.
     Mas eu não me indigno apenas quando uma punição deixa de ser aplicada a alguém que pertence à esfera ideológica que se convencionou chamar de 'direita'. Para mim, bandido não tem matiz. O ex-presidente Lula, por exemplo, jamais deveria ter escapado da cassação quando ficou clara sua participação direta no escãndalo do Mensalão. Não só escapou, como foi reeleito, reelegeu sua sucessora e continua espalhando sua extrema mediocridade e comportamente deletério pela vida do país.
     E não foi o único, como sabemos. José Dirceu, seu antigo ministro da Casa Civil, embora cassado como Demóstenes Torres, manteve-se na liderança do projeto de poder do PT, interferindo, dando 'consultorias', reinando sobre ministros e quetais.
     O deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) é outro exemplo da impunidade que não provoca reações. Flagrado recebendo dinheiro vivo, na boca do cofre do Mensalão (na verdade, sua mulher foi flagrada, mas é como se fosse ele), mentiu (assim como Lula), escapou da cassação, elegeu-se, presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (!!!) da Câmara e tenta ser eleito prefeito de uma cidade paulista.E ainda temos o ex-deputado federal José Genoíno, também réu no Mensalão, que ocupa um lugar estratégico no Ministério da Defesa.
     A essa relação - Lula, Dirceu, João Paulo Cunha e Genoíno - poderiam ser acrescentados mais algumas dezenas de personagens que continuam - assim como Demóstenes Torres - infelicitando e desmoralizando a Nação, sem provocar, no entanto, reações mais contundentes. É o que eu costumo chamar de estelionato ideológico.

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