domingo, 8 de julho de 2012

Política exige dignidade

     Apesar de todos os incontáveis e deploráveis acidentes nesses últimos anos de percurso, principalmente, sou um incansável defensor da atividade parlamentar. Olho para o Congresso, em especial, e ainda consigo enxergar vocações, dedicação, doações - não as destinadas às campanhas, quase sempre nebulosas, mas as de tempo e ideais.
     Mas não posso deixar de reconhecer que está cada vez mais difícil encontrar dignidade entre nossos representantes. Os partidos politicos - 30 ou 31, não vou precisar, mas acho que o total gira por aí -, com as exceções que conformam a regra, deixaram de expressar ideologias - equivocadas que sejam - e se transformaram em meros e vagabundos balcões de compra e venda. O último acordo formatado pelo ex-presidente Lula, pelo PT, e o deputado Paulo Maluf, pelo PP, é a prova mais contundente desse momento de dissolução.
     A dissintonia entre a classe política e os interesses reais da população fica mais flagrante a cada conchavo, acordo espúrio, aumento na verba de gabinete, recesso etc. Chega a ser indecente o fato de a Justiça de São paulo, por exemplo, ter sido obrigada a acabar com o lamentável 'auxílio paletó' pago, anualmente, aos vereadores da capital. Como nos lembra o Estadão, cada vereador paulistano embolsava mais de R$ 20 mil para atualizar o guarda-roupas. O Ministério Público paulista quer, agora, estender o corte às demais prefeituras estaduais.
     Sabemos, no entanto, que o tal auxílio paletó é apenas um detalhe - embora absurdo - no pacote de vantagens indecentes usufruidas pela nossa classe política. Agora mesmo, circula na internet uma 'corrente' destinada a reunir desencantos e exigir moralidade as diversas casas representativas da população.
     Não se pode admitir que nossos parlamentares acumulem tantas vantagens, em absoluto contraponto com a população trabalhadora em geral. Já nem falo nos salários irreais - que deveriam ser revistos, sim -, mas nas vantagens paralelas, que os transformam em seres especiais, em uma classe beneficiada por atributos impensáveis pelo conjunto da Nação.
     Aposentadoria garantida a partir de duas legislaturas e planos de saúde de primeiríssima qualidade, extensivos à família e quase sempre eternos, são apenas duas dos exemplos mais deploráveis.
     De servidores, nossos políticos passaram a servir-se da Nação.

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