segunda-feira, 16 de julho de 2012

Marcos Valério nunca foi o grande vilão. Era um instrumento dos assaltantes

     Sou levado a concordar integralmente com uma das teses da defesa do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ter sido o operador do Mensalão, o maior assalto institucional aos cofres públicos da nossa história. É muito cômodo para os envolvidos - acusados, ou não - jogar todo o peso nele, quando o maior beneficiário da roubalheira era o governo Lula. É mais ou menos como culpar o motorista de um ônibus que transportou um assassino pelas mortes que ele provocou, mesmo que comprovadamente soubesse que estava carregando um criminoso a bordo.
     Marcos Valério usou e abusou das portas que se abriram ao esquema de transferência de dinheiro público para pagar campanhas - inclusive a do ex-presidente Lula, como foi amplamente divulgado -, comprar consciências que jamais foram íntegras, alimentar o projeto de poder do PT e encher os bolsos da companheirada, é claro. Exatamente como acontece em governos corruptos que se arvoram como defensores dos pobres e oprimidos, guardiões da moralidade. Poucos governos e governantes do mundo foram tão pilantras quanto os da antiga União Soviética e o coreano do norte, por exemplo, cujas lideranças nadam no dinheiro que extorquiam e ainda extorquem da sociedade (no caso coreano, em especial), mantida em ignorância e oprimida.
     Têm razão seus advogados - e o Estadão destaca essa linha de defesa - quando afirmam que é um exagero batizar o esquema de corrupção instituído no Governo Lula de 'Valerioduto'. O publicitário, no máximo, foi o instrumento da vigarice governamental, da quadrilha chefiada pelo ex-ministro José Dirceu (segundo acusação da Procuradoria Geral da República). Para repassar o dinheiro roubado, Valério precisava recebê-lo de quem tinha a chave do cofre e estava roubando, pois não tinha o dom de fabricar moeda.
     E esse roubo - ainda de acordo com as investigações e denúncia entregues ao Supremo Tribunal Federal - era realizado por representantes do Governo Lula, os únicos que tinham acesso ao 'tesouro'. Algo semelhante ao repasse de verbas através de ONGs amigas, denunciado ano passado. O guardião do cofre - o Governo, não podemos esquecer jamais - paga a mais (muito mais!!!) por um serviço (quase sempre malfeito) e os benefiados repassam o dinheiro para os amigos do poder.
     Simples assim. E nós pagamos tudo. O trabalho malfeito (quando damos a sorte de ele ter sido feito), o lucro dos parceiros e as campanhas dos petistas e assemelhados, além de enchermos alguns bolsos pelo caminho. Não é uma exclusividade petistas - diga-se. A relação do contraventor Carlinhos Cachoeira com próceres da Oposição, como o cassado Demóstenes Torres (do DEM) e Marconi Perillo, do PSDB, mostra que a ladroagem vai além das siglas. Mas é evidente que o assalto maior e mais rentável é praticado pela turma ligada ao Palácio do Planalto, que apenas deveria gerenciar com dignidade nossas riquezas, mas as usa como se fossem dela.

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