domingo, 15 de julho de 2012

Quando as críticas têm efeito contrário

     Eu já estava decidido a não votar em Eduardo Paes. Ainda é muito complicado, para mim, compreender - e engolir - tantas mudanças 'ideológicas' em tão pouco tempo de vida. De um dos meninos do ex-prefeito César Maia a queridinho do ex-presidente Lula, depois de uma baldeação no PSDB justamente na época em que o Mensalão assolava o país e ele - Eduardo -, um intrépido deputado federal, desancava a tudo e a todos ligados ao governo.
     Nesses tempos de exercício da indignação frente ao maior assalto aos cofres públicos já realizado no país, Eduardo Paes ainda tinha a seu favor o fato de torcer pelo Vasco. Rigoroso com a pilantragem e vascaíno, duas qualidades apreciáveis. Cheguei, até, considerar sufragá-lo na primeira eleição que aparecesse. Mas, como vem acontecendo com regularidade na nossa vida política - 'fenômeno' apontado recentemente pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso -, a falta de identidade ideológica do nosso alcaide enterrou, naquele momento, essa possibilidade. Votei em Fernando Gabeira com absoluta consciência.
     Mas eis que começo a reformar minha ideia de - pela primeira vez - anular o voto. E isso se deve, justamente, por estranho que possa parecer, às críticas que vêm sendo feitas à sua administração à frente da Prefeitura. Não há uma citação sequer à sua inconstância partidária; à submissão aos atuais detentores do poder central; à sua falta de críticas ao desarranjo institucional e à devassidão das relações entre o que deveria ser público e quadrilhas que assaltam os vários níveis da vida pública.
     Leio e escuto - recorrentemente, nos últimos 45 dias - reclamações sobre o asfalto da pista da TransOeste que perdeu o tom avermelhado; sobre os acidentes que, em sua maioria esmagadora, são provocados pelas vítimas; e, ainda mais recentemente, sobre sua jogadade marketing ao aparecer ao lado do craque botafoguense Seedorf, como se fosse um crime merecedor da pena capital.
     Se a discussão política dos destinos do Rio vai passar por esse caminho, confesso que não terei muito disposição para participar dela. Se vamos julgar, apenas, o administrador, não tenho muitas restrições ao atual. Embora jamais esqueça que prefeito que inagura obras faz apenas sua obrigação, sou obrigado a reconhecer que a cidade está mudando, sim. Especialmente nas Zonas Norte e Oeste. O resto é pura bobagem.
    

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