sexta-feira, 27 de julho de 2012

A culpa é das montadoras ...

     Nossa presidente pode não saber muitas coisas, incluindo se expressar com razoável lucidez. Mas vem provando que é boa de marketing. Não à toa, apesar de todos os problemas registrados nesses curtos 18 meses de governo (destaque para os escândalos no Ministério que paralisaram a administração ano passado), mantém um altíssimo índice de aprovação popular. Seria reeleita, hoje, com facilidade, identificada que está com a imagem de boa gestora que foi criada ainda quando participava do governo passado.
    Como boa aluna do seu antecessor, sabe criar seus factoides e comprar boas brigas, justamente nos momentos em que a situação começa a dar sinais de problema, como vem acontecendo. À comprovação dos tais 'malfeitos' de sete de seus ministros (roubalheira, mesmo), acenou com a demissão pública de todos e mais alguns, sem se descuidar da absolvição particular de cada um. Tanto que não houve um punido, de fato, sequer. Todos os envolvidos em pilantragens continuam livres e soltos.
     Imprensada pelos números ridículos da economia (PIB em queda livre e inflação alta, em especial), apontou suas armas, em primeiro lugar, para os alvos mais fáceis, os vilões mais palatáveis: os bancos, acusados (com justiça, é verdade) de extorquirem a população com juros estratosféricos e ganhos abissais. Por 'decreto', acenou com redução das taxas no Banco do Brasil e na Caixa Econômica e conquistou mais uns preciosos pontinhos no Ibope da corrida presidencial de 2014. Facilitou o crtedito e gerou a maior inadimplência dos últimos tempos. E daí?
     Hoje, às voltas com as consequências da crise que caiu de vez no país, disparou nas montadoras, acusadas de não cumprir acordos para manutenção de empregos. Outro alvo fácil e facilmente digerível pela população, que paga muito caro por carros que em qualquer lugar do mundo custariam pouco mais do que a metade do que custam por aqui.
     Mais uma vez o Governo ataca consequências, e não as causas. E elege os inimigos certos para aglutinar seguidores. Ninguém, em sã consciência, sai por aí defendendo banqueiros e fabricantes de carrosque exportam o lucro para as matrizes. É uma tática antiga, que tem algumas variáveis praticamente infalíveis. Na Argentina, o maior inimigo é o imperialismo britânico. Na Venezuela, o imperialismo americano. No Irã, os infiéis.
     Com essa tática, governantes medíocres transferem para outros a parcela de culpa que têm. Não resolvem o problema - no caso brasileiro, a falta de investimento em infraestrutura e a covardia na excução das reformas de base -, mas garantem aplausos.

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