quarta-feira, 18 de julho de 2012

Os ares do cerrado

     Está se tornando algo recorrente, nessa nossa República: acusarem Goiás de sediar o núcleo de uma quadrilha. Ontem, foi a vez de o senador Vital do Rego (PMDB-PB) - presidente das CPI que investiga as relações promíscuas entre o contraventor Carlinhos Cachoeira, políticos em geral e governantes em especial - afirmar que toda pilantragem que se adivinha passa pelo estado.
     A Procuradoria-Geral da República também chegou a conclusão semelhante no caso do Mensalão do Governo Lula: os chefes estavam por ali, também, mais precisamente no Distrito Federal, com livre acesso ao gabinete do ex-presidente.
     Talvez sejam os ares do cerrado. É mais provável que seja a proximidade dos gigantescos cofres públicos, arrombados para atender à ganância pessoal de políticos e ao projeto de poder do Partido dos Trabalhadores, principalmente.
     No caso atual, que engobla o ainda governador goiano Marconi Perillo (PSDD), a pilantragem assumiu ares ecléticos, a julgar pelas investigações realizadas pela Policia Federal. Todos os partidos - deparando-se com a imoralidade que assola o país há nove anos e meio - se locupletaram. Uns mais do outros.
     E as investigações sequer entraram em um ritmo decente. O envolvimento da Delta Costrutora (a filha pródiga do PAC) com a bandalheira acendeu o sinal de alerta na base governamental, que decidiu investir tudo em nomes da Oposição, livrando a companheirada de infortúnios.
     O maior exemplo dessa manobra é a blindagem do governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), amigo pessoal de Fernando Cavendish, ex-presidente da Delta, e da própria empresa, a maior beneficiária privada da roubalheira proporcionada por aditivos e atualizações de preços de obras que mal saíram das pranchetas.

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