segunda-feira, 30 de julho de 2012

A verdade desponta dos arquivos sobre o Mensalão

     Os últimos dias do noticiário que não trata dos Jogos Olímpicos têm sido dolorosíssimos não apenas para os 38 réus do Mensalão do Governo Lula, cujo julgamento está prestes a começar. O PT e seus acólitos em geral têm purgado a cada imagem recuperada, a cada entrevista revisitada, a cada declaração mentirosa do ex-presidente. Imagino o sofrimento dos que - até com certa ingenuidade - inda tentam defender a quadrilha que assaltou os cofres da Nação, quando confrontados com fatos indesmentíveis, contra os quais não há recurso retórico ou vigarice ideológica que ajudem.
     Não há montagem alguma nas diversas entrevistas concedidas pelo ex-presidente ao longo dos primeiros tempos. Na primeira, a grande encenação de dor, de desconforto com a traição dos companheiros, a promessa de investigar o caso e punir devidamente todos os envolvidos. Nas demais, a mudança progressiva do tom e do conteúdo, a manipulação de informações, a aposta na ignorância da população que, de fato, essa gente que está no poder despreza.
     Por último, acreditando no fator tempo e no poder do marketing palaciano, a negação completa do crime, um dos mais hediondos cometidos contra a democracia que o pais reconquistou tão recentemente. E está tudo lá, nos arquivos agora remexidos. As primeiras denúncias envolvendo o ex-deputado Roberto Jefferson, o repique do acusado, o dedo apontado para o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, as evidências claras da participação direta do ex-presidente Lula e as manobras que evitaram a merecida cassação do seu mandato.
     É verdade que o tom da defesa refluiu e que esse papel ridículo ficou basicamente por conta de dois ou três personagens, destaque para o melancólico presidente do PT, o obreiro Rui Falcão, e para o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, o mesmo que defendeu e aconselhou o ex-presidente na época do escândalo e que hoje defende e aconselha o contraventor Carlinhos Cachoeira.
     Em uma das chamadas para um dos muito programas de tevê sobre o julgamento, o mais bem-pago advogado de criminosos do Brasil tem a indignidade de argumentar que o momento não é o mais indicado para o julgamento, pela proximidade das eleições municipais. Pois esse personagem, capaz de frases desse nível, infelizmente deslustrou a Justiça desse país com sua presença.
     Para não deixar passar sem registro: as imagens resgatadas exibem, sem tarjas ou disfarces, a presença da atual presidente da República durante entrevistas do seu antecessor, coonestando a farsa palaciana, em destaque. Imagino que deve estar sendo complicado aturar essa enxurrada, lamentando o fato de o Brasil não ser uma republiqueta bananeira.
     O ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal? Ao contrário dos que - como eu - torcem por condenações exemplares, espero que ele vote, aberta e claramente. São onze votos. Se o dele for fundamental em uma eventual absolvição que contrarie os autos, será um indicativo muito grave para esse país. Devemos respeitar a decisão, mas certamente ficaríamos à vontade para propor a revisão dos critérios que ungem os ministros da nossa mais alta corte.

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