segunda-feira, 30 de julho de 2012

O triste fim do Itamaraty, uma casa que já foi respeitável

     Ao assistir ao último debate promovido pelo programa Painel, da GloboNews, sobre a entrada da Venezuela no Mercosul (será formalizada esta semana, em Brasília) e a punição conferida ao Paraguai, ficaram bem claros e evidenciados os motivos da atuação deplorável do nosso Ministério das Relações Exteriores nos últimos nove anos e meio, marcados pelo desatino na defesa do indefensável.
     Um jovem - para os padrões formais - diplomata dessa era patriota desfilou uma série interminável de conceitos insustentáveis, afinados com o lixo ideológico defendido por essa turma que se especializou em avançar nos bens públicos. Ao mesmo tempo em que condenava a destituição do ex-presidente Fernando Lugo - realizada integralmente de acordo com a Constituição paraguaia, gostemos, ou não -, defendeu com toda as forças de argumentos vazios o regime venezuelano.
     Para esse luminar do Itamaraty (não lembro o nome do personagem), o Congresso e a Justiça paraguaios (não entro sequer no apoio maciço da opinião pública) se uniram para dar um golpe, o que justificaria a punição imposta ao país, em detrimento das necessidades da população. Já o governo venezuelano, que fecha jornais e emissoras de televisão e rádio, persegue jornalistas e afasta e prende juízes que ousam desafiar as decisões presidenciais, merece todo o apoio e a solidariedade do Brasil, em nome do que ele chamou de integração continental.
     Não importa que o bufão venezuelano altere a Constituição a todo momento (para dar respaldo às suas alucinações bolivarianas); interfira na política interna de nações vizinhas (como Chávez vem fazendo sistematicamente em relação à Colômbia, ao apoiar os terroristas e traficantes das FARCs); e negue o Holocausto, associando-se ao regime assassino do Irã. E não estou levando em conta os aspectos jurídicos que - como foram explicados didaticamente pelos dois outros participantes do debate, o ex-embaixador Rubens Barbosa e o ex-ministro Luiz Felipe Lampreia - simplesmente impediriam a entrada da Venezuela no Mercosul.
     Confesso que tive vontade de vomitar vendo e ouvindo esse representante da nova visão diplomática brasileira e entendi perfeitamente os motivos de tantos fracassos ao longo desses últimos anos. Diplomatas, os dois outros participantes limitavam-se a expressões incrédulas e sorrisos até certo ponto consdescendentes, como se dissessem: "Coitado, vamos perdoá-lo, pois não sabe o que diz. Ou até sabe, mas é obrigado a falar tantas bobagens".
     Movido por uma ideologia simplória, o Itamaraty vem se aliando ao que há de pior no mundo. Na América do Sul, é ainda mais medíocre, aceitando a liderança de Hugo Chávez e renunciando a direitos inalienáveis da Nação, como no caso de expropriações de bens brasileiros ocorridas na Bolívia do cocaleiro Evo Morales e na Argentina dessa mequetrefe Cristina Kirchner.
     Um leão no recente episódio do frágil Paraguai, o país comportou-se como um vira-latas e enfiou o rabo entre as pernas quando o entrevero ocorreu com governos alinhados. E não podemos esquecer o apoio às ditaduras iraquiana, líbia e síria, sempre no afã de mostrar independência em relação à política externa americana. Lamentável, mas tenho que reconhecer que reflete exatamente a extrema limitação dessa Era Lula.

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