quarta-feira, 25 de julho de 2012

Devemos respeitar o STF

     Esse jogo de palavras que vem sendo usado em relação ao julgamento do Mensalão, antepondo opinião pública e ministros do Supremo Federal Federal, nada acrescenta ao momento que vivemos. De alguma maneira, a pressão sobre os juízes não deve exceder à lógica, ao bom senso. Uma pressão natural, de uma sociedade que espera encerrar uma página lamentável da sua história.
     Entendo, como algo saudável, o acompanhamento de todos os desdobramentos do julgamento que está perto de começar. Ler e ouvir o que dizem as partes, as versões de última hora dos 38 réus. Mas, acima de qualquer coisa, devemos estar prontos para aceitar o resultado, seja ele qual for.
     Eu, particularmente, torço muito pela condenação exemplar de todos os envolvidos nesse escândalo. Não há, a meu juízo, espaço para escamotear a verdade, tergiversar. O relatório final da Perocuradoria Geral da República é bem claro: havia uma quadrilha liderada pelo PT empenhada em assaltar os cofres públicos e repartir o butim entre a companheira próxima e seus apaniguados.
     Por mais que eu me esforce - e, confesso, não o faço com determinação -, não consigo encontrar atenuantes ou atalhos. O Mensalão nada mais foi do que o embrião de esquema de roubalheira institucionalizado no país. Roubou-se muito, e rouba-se ainda mais agora.
     Não consigo vislumbrar outro resultado exceto a condenação - cadeia, mesmo! - dos principais agentes da corrupção: o ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares; o ex-presidente do partido, Jose Genoíno; e o ex-deputado Roberto Jefferson, que não tinha noção do que estava fazendo - e a cada dia mais eu me convenço disso -, quando denunciou o escândalo. Mais: lamento profundamente que o ex-presidente Lula, o grande beneficiário de tudo, não esteja sentado no banco dos réus, para pagar pelos desatinos que cometeu ao longo dos seus oito anos de governo.
     No entanto, vou compreender e aceitar que o Tribunal tome decisões que não combinem com meus desejos, ou com a expectativa da maioria. Um julgamento como esse é, político, sim, mas não pode deixar de se ater aos rituais da Justiça.
     Democracia, entre outras coisas, é isso: aceitar decisões tomadas pelas cortes instituídas para tal, e não apenas aquelas que se ajustem aos nossos intereses. 

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