terça-feira, 24 de julho de 2012

No campo da irresponsabilidade

     Não é uma questão - digamos - futebolística, muito menos remete à paixão por um ou outro clube. É uma constatação que venho fazendo há muito tempo: os salários do mundo do futebol são absurdos e tão ireais que chegam a ser agressivos. Essas considerações ressurgem motivadas pelas notícias sobre o salário pretendido pelo técnico Dorival Júnior para assumir o Flamengo: R$ 800 mil por mês.
     Ouso dizer que ninguém, no mundo, merece ganhar algo semelhante para exercer função semelhante, embora saiba que há um punhado recebendo muito mais. No Brasil, pensar em cifras desse porte revela uma distorção tão grande que fica difícil, até, racionalizar. É verdade que os clubes de futebol, em especial, movimentam milhões de reais, direta e indiretamente. Mas não podemos esquecer que todos - ou quase, com as exceções que confirmam a regra - estão falidos e devem fábulas de impostos aos governos municipal, estadual e federal.
     Não há dinheiro para recolher os impostos devidos, mas há para pagar salários inimagináveis, contratar estrelas por fábulas. Há algo muito errado nessa equação que conta - sempre! - com a demagogia de políticos sempre dispostos a perdoar dívidas, fazer acordos que não são honrados. Não, não discuto o direito de um técnico ou jogador pedir um salário exorbitante. Mas não posso aceitar, passivamente, que esses pedidos sejam considerados.
     Nossos clubes em geral são geridos de maneira absolutamente amadora, com a irresponsabilidade que seus dirigentes certamente não dispensariam aos seus negócios, ou vida particular. Se fossem cobrados pessoalmente por atos insanos à frente de seus clubes, talvez agissem com mais seriedade.

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