quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A fábrica de dinheiro

     Eu não me surpreendo há muito tempo com as muitas e recorrentes vigarices e quetais em todas as esferas do Governo. Elas, como um tumor, tomaram conta de todo o organismo público e se espalharam, conspurcando tudo. A mais recente - sempre destaco que, no caso do atual esquema de poder, jamais devemos dizer a última - vem merecendo destaque desde o fim de semana, quando a Folha divulgou mais um possível caso de corrupção.
     O acusado e demitido da vez foi o agora ex-presidente da Casa da Moeda, Luiz Felipe Denucci, denunciado (perdoem-me não ter resistido à tentação ...) por ter recebido propinas que alcançariam a nada desprezível soma de US$ 25 milhões, através de depósitos de fornecedores em contas no exterior. Sendo verdade, ele teria aprendido, mesmo, a fazer dinheiro.
     Como em todas - repito, todas - as ocasiões anteriores, desde o Mensalão do Governo Lula (a 'mãe, o pai e o avô' de todos os escândalos), as transações se tornaram públicas graças a desavenças intestinas. Em suma: se os denunciantes, desde Roberto Jefferson, ficassem quietos, o Brasil jamais saberia que nunca se roubou tanto em tão pouco tempo.
     Para nossa sorte - e desencanto - há sempre alguém querendo mais alguma coisa, ou perdendo um pedaço do bolo. E esse alguém acaba falando, espalhando as informações, municiando jornais e revistas com documentos irrespondíveis. No caso atual, a briga envolve - segundo o próprio demitido, que nega tudo - interesses do PTB. É isso mesmo: o PTB do ex-deputado federal Roberto Jefferson manda na Casa da Moeda, que fica aqui no Rio de Janeiro, maior reduto eleitoral do partido.
     Talvez mais do que o eventual enriquecimento do ex-presidente da nossa fábrica de dinheiro, lamento o fato de o Governo Dilma continuar, como esteve na Era Lula, leiloado entre as tais siglas que compõem a 'base eleitoral', batizado por mim de 'saco de gatos ideológico'. Ao longo dos últimos nove anos, o país vem pagando um preço exorbitante pela 'lealdade' que essa tal 'base' demonstra - por palavras e atos e providenciais omissões - ao grande projeto de poder do PT.

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