domingo, 19 de fevereiro de 2012

Em nome do poder

     Muitos de nós, de alguma maneira, repudiamos a promiscuidade que envolveu a política brasileira, a falta de ideário, os acertos, conluios, conchavos. Especialmente nos últimos nove anos, período em que tudo foi permitido e estimulado, em nome de uma etéria governabilidade, base para o projeto de poder dos atuais ocupantes do Governo.
     Os seguidos escândalos envolvendo o primeiríssimo escalão dos governos Lula e Dilma, as demissões que foram esquecidas convenientemente, as denúncias abafadas pelo rolo compressor do Congresso, a impunidade efetiva.
     Um dos casos mais recentes, rumorosos e vergonhosos teve como personagem principal o atual presidente do PDT e ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Envolvido em denúincias de desvio de verbas, manteve-se no cargo muito além do que se poderia supor, tal a gravidade dos crimes. E ainda envergonhou o país, com um desafio público à presidente, que não teria força para demiti-lo.
     Saiu, sim, mas com todas as honrarias e elogios que só deveriam ser prestados a funcionários que estivessem acima do bem e do mal. Após um período longe dos holofotes, reassumiu a presidência do PDT, constrangendo antigos membros, a pose arrogante de sempre e o direito de participar dos destinos do país, em reuniões no Palácio do Planalto.
     Para culminar esse quadro, O Globo nos conta, hoje, que Carlos Lupi acaba de ser designado para o gabinete do prefeito Eduardo Paes, com um daqueles supersalários pagos, normalmente, para quem nada faz. A desculpa oficial: ele é funcionário concursado do município do Rio de Janeiro, como se issso justificasse a deferência,.
     Mas é assim que funciona essa engrenagem vagabunda da política. De olho nas próximas eleições, nosso prefeito - que surgiu no antigo PFL, passou pelo PSDB e agora está no PMDB - acerta os ponteiros com o PDT, que certamente irá apoiá-lo na campanha pela reeleição.
     E assim caminha nosso país.

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