terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Histórias de Júlia e Pedro (Capítulo 37)

 Os foliões da pedra



Pedro, sentado ao lado do tio 'Gui', já no alto da pedreira, fotografado pela mãe, com teleobjetiva

     Os quatro dias de carnaval, aqui na Pedra, têm sido de muita folia, de Júlia e Pedro, cada um com seu estilo. Júlia, todas as manhãs, cumpre o ritual de percorrer as árvores frutíferas, especialmente a jabuticabeira, sua preferida, que está carregando novamente, estimulada pelas chuvas e sol. Vem aproveitando, também, o início da 'safra' de carambolas e o restinho das amoras deixadas pela passarinhada.
     Pedro, com seu jeito de moleque 'marteiro' (um neologismo que criei para exemplificar o misto de arteiro com mateiro), faz questão de participar de tudo o que eu faço. Ajuda a recolher as folhas que caem às centenas do jameloeiro, dá comida para a Cléo, fica ao meu lado o tempo todo na arrumação da mesa para as refeições na churrasqueira. Como ele mesmo repetiu: "Vovô, eu sou seu parceiro".
     Pois o meu parceiro teve uma manhã cheia, hoje, terça-feira de carnaval. Assim que acordou, veio cobrar a promessa de escalarmos a Pedra do Sol, que fica na parte alta do nosso condomínio. Para ele, é uma aventura. A tal pedra, que domina nossa área, fica no meio de um terreno com muito mato. Chega-se até ela seguindo por uma rua bem íngreme e entrando por uma pequena trilha, usada pela molecada para soltar pipa.
     Fez questão de se preparar: tênis, meia, camisa de meia manga, bermudão, um dos meus bonés, que ele mesmo escolheu, e um par de luvas de goleiro (ele diz que vai ser goleiro, entre outras coisas). E decidiu carregar a mochila ("eu aviso quando cansar"), guarnecida com água e biscoitos. Tudo isso, com ar sério, de quem estava, mesmo fazendo uma aventura.
     No caminho, já quase no fim da subida, depois de olhar a paisagem, saiu-se com uma frase que compunha bem sua fantasia: "Dá para ver o mundo todo aqui de cima".
     Na volta, suado, pediu para dar uma nova parada para beber água. Deu um suspiro fundo e arrematou, com a maturidade dos seus quatro anos e meio:
     - Quando eu chegar em casa vou direto para a piscina ...

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