sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Justiça, ainda que tardia

     Espero que todos os que se dizem e julgam defensores da democracia e da Justiça façam uma corrente no próximo dia 10 de maio. Vou torcer para ver todas as entidades de defesa dos direitos humanos (ONGs incluídas), OAB, ABI, sindicatos e federações de braços dados, envolvendo a 1ª Vara da Comarca de Itapecerica da Serra, em São Paulo, onde - segundo nos informa O Globo - irão a julgamento cinco acusados de envolvimento no assassinato do ex-prefeito de Santo André, o petista Celso Daniel.
     Caberá a um júri popular decidir pela aceitação da tese do Ministério Público Estadual sobre a morte do prefeito, que teria sido provocada por sua decisão de dar um basta no esquema de extorsão de empresas de ônibus para financiar campanhas eleitorais do PT, como também afirma o irmão de Celso, Bruno José Daniel.
     A história, é sempre bom lembrar, foi tratada com absoluto desdém pelo Partido dos Trabalhadores, que conquistou o Governo logo em seguida (o prefeito foi sequestrado no dia 18 de janeiro de 2002 e encontrado dois dias depois, em uma estrada de terra com marcas de tiros e sinais de tortura). O caso só foi levado a sério, mesmo, a partir das denúncias feitas à CPI dos Bingos, em 2005, pelo irmão do morto.
     Bruno contou - e o Ministério Público encontrou indícios que corroboraram a acusação - que havia um esquema de recebimento de propina nas prefeituras paulistas comandadas pelo PT e que o dinheiro era, a princípio, dirigido às campanhas partidárias. Com o tempo, no entanto, segundo ele, o dinheiro passou a encher, também bolsos e bolsas particulares. Celso Daniel teria se insurgido contra essa 'mudança de rumo' e acabou morto.
     Embora não esteja entre os acusados pela morte, o atual ministro Gilberto Carvalho foi apontado por Bruno Daniel como o encarregado de transportar as malas de dinheiro, o que fazia no seu Fusca particular, e entregá-las ao ex-ministro José Dirceu. Isso explicaria, por óbvio, o pouco interesse do PT no caso.
     O principal acusado pelo crime, Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra, será julgado separadamente.
     E ainda teremos o julgamento do Mensalão, no STF. O ano de 2012 promete ser inesquecível.

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