quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Combustíveis e eleições

     Das muitas perguntas e respostas que fazem parte da entrevista da nova presidente da Petrobras, Graça Foster, a O Globo, três me chamaram a atenção, em especial, não pelo que informaram, explicaram, elucidaram, mas pelo que deixaram de dizer.
     A mais diversionista, para mim, é a que fala da enorme queda no lucro da empresa e a relaciona, entre outros fatores, ao aumento da importação combustível. É isso mesmo: em tese, a empresa compra por um preço, no exterior, e vende mais barato, aqui, para suprir à demanda.
     E a tal autossuficiência, tão decantada em discursos ufanistas e explorada sem qualquer decoro na campanha eleitoral? São coisas distintas - me sopra um resquício de conhecimento dessa área. Uma coisa é ter o petróleo suficiente para abastecer as necessidades do o país. Outra, muito distinta, é transformá-lo no que realmente importa: combustível.
     Que havia reservas de petróleo, todos sabiam há muito tempo. Faltava apenas a tecnologia necessária à sua exploração em escala. E foi isso que aconteceu: nós, é verdade, já podemos explorar em águas produndissimas, por exemplo. E até exploramos. Mas jamais tivemos capacidade para atender à demanda por diesel e gasolina, que é crescente.
     Por isso, importamos os produtos já refinados e continuamos ao sabor das variações desse mercado instável e sujeito a 'ahamadinejadices e 'aiatolices'. Aquela fantasia toda, exposta aos simplório povo brasileiro, nada mais era do que propaganda eleitoral, a mais vagabunda, por mentirosa.
     Como consequência dessa conta que não fecha - compra por 2 e vende por 1 -, já se prenuncia um novo reajuste nos preços, que já alcançaram um patamar intolerável. Talvez não agora, ou nos primeiros meses do ano. Afinal, 2012 é um ano eleitoral e o PT está jogando tudo na eleição do prefeito de São Paulo. Aumento de preço nos combustíveis seria uma péssima propaganda, e a companheirada sabe disso. Mas os acionistas não estão gostando de ver seu lucro desabar. O governo, o maior deles, banca, no entanto, essa decisão, que é política.
     A outra questão levantada pelas excelentes repórteres que cobrem a área refere-se ao comportamento pessoal de nova presidente da Petrobras. Ao falar sobre o que não telera, foi objetiva: "Eu não tolero sentar com uma pessoa despreparada e que quer impor um tom de autoridade". Seria impossível trabalhar com o ex-presidente.

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