segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Histórias de Júlia e Pedro (39)

Uma 'injustiça'

     Júlia está entrando naquela fase que poderíamos chamar de 'pré-aborrecente', com seus oito anos e meio. Como é muito independente e determinada, de quando em vez consegue quebrar a paciência da mãe, mesmo por breves minutos. Um dos últimos momentos de 'insurgência' aconteceu bem recentemente.
     Embora goste muito da escola e dos amigos do Pedro II, eventualmente deixa de fazer seus trabalhos - especialmente as tarefas que leva para casa - com o capricho natural. Findo o período de folgas do carnaval, tinha uma obrigação, apenas: fazer uma redação sobre esses dias, sobre o que fez, o que viu.
     Não gastou mais do que quatro linhas, algo bem telegráfico, simples e objetivo. É claro que a mãe vetou a tal 'redação' e exigiu que ela fizesse algo mais completo, mais recheado, como ela sabe fazer. Fez, mas registrou o protesto, iniciado com a frase que virou bordão nos últimos meses:
     - Isso não é justo! As férias são minhas e eu conto como quiser.
     Contou como a mãe queria, é claro.

Divagações escolares
     A história da redação me remeteu a outra, bem recente, com as mesmas protagonistas, mãe e filha. O tema 'faculdade' surgiu de repente na conversa entre elas, e Júlia quis saber com que idade iria iria para essa nova fase da vida.
     - Com 18, Júlia", disse Flávia.
     - Isso, se eu não repetir, mamãe", retrucou, com a maior naturalidade.
     - Júlia, isso está fora de cogitação", rebateu a mãe.
     - Mas eu sei que há crianças que repetem ..."
     Procurando manter a calma e ser bem didática, Flávia fez algumas ponderações;
     - Há crianças que os pais não podem ajudar, por falta de tempo; não têm quem acompanhe as tarefas, têm dificuldades. O que não é o seu caso ..
     - Mas mamãe, eu posso repetir ...
     - Não, não pode Júlia. Se isso acontecesse, você teria um ano muito complicado.
     - Por quê?
     - Eu complicaria sua vida, entendeu?
     - Tudo bem, mamãe, eu não vou repetir", concordou Júlia, e continuou a conversa, como se nada houvesse acontecido.
     Júlia é assim.

Um comentário:

  1. hahaha, AMEI as duas histórias!!!! De verdade.
    A Júlia é mesmo uma menina especial!!! E que bom que ela tem uma mãe tão inteligente e esperta/sábia quanto ela!!!
    As histórias em si já são excelentes, e você as conta de uma maneira toda especial.
    Muito obrigada por compartilhar essas verdadeiras pérolas da sua família aqui no seu blog.
    Valeu!

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