terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A volta de Pimentel

     Não adiantou muito o ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel ficar quietinho no seu canto, longe dos holofotes, torcendo para uma desgraça qualquer substituir o interesse dos jornais e revistas pelo seu nome e ações. Eis que ele volta às manchetes - como a de O Globo de hoje -, ainda por conta da sua estupenda performance como consultor de empresas justamente entre a saída da prefeitura de Belo Horizonte e o engajamento formal na candidatura da atual preseidente Dilma Rousseff.
     Provocada, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República viu-se obrigada a investigar a dinheirama - R$ 2 milhões - que o preclaro ministro recebeu por trabalhos que - comprovou-se em seguida - jamais foram realizados. Toda esse dinheiro - uma pequena Mega-Sena - foi recebido em pouco mais de um ano de - digamos - 'atividades'. A maior parte do bolo foi distribuída, não por acaso, pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, interessadíssima - por óbvio - em cair nas boas graças da prefeitura, onde Pimentel mantém o 'prestígio' inabalado, e do, então, futuro governo federal.
     Como seus outros companheiros de ministério demitidos - perdão, que se 'demitiram para mais bem se defender das acusações de corrupção' -, o atual ministro da Fazenda negou tudo e chegou a argumentar, na época em que O Globo revelou ao mundo seus dotes extraordinários como 'consultor', que os ganhos eram compatíveis com sua formação. Fez um exercício de diversionismo, subtraiu daqui, dividiu dali e concluiu que ganhara pouco mais de R$ 50 mil por mês.
     Na verdade, dividindo os R$ 2 milhões por doze meses de 'trabalho' , ele recebeu três vezes mais do que argumentou. Como ficou evidenciado que ele não trabalhou um dia sequer, podemos concluir que a dinheirama teve outros propósitos, que não o de pagar por serviços prestados.
     "Mas ele ainda não era ministro", pode argumentar a companheirada. É verdade. Ele teria prevaricado antes de assumir o cargo para o qual já estava previamente acordado. O que seria, para mim, um agravante, e não um atenuante. Sabendo que participaria do Governo, não teve o menor constrangimento em adotar um comportamento indigno.
     Seguindo nesse raciocínio, Escadinha, FB, Elias Maluco e assemelhados poderiam fazer parte do primeiríssimo escalão do Governo Dilma. Afinal, teriam cometido crimes antes da eleição. Não fizeram parte, é verdade, mas parece que inspiraram boa parte da turma.

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