quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Pimenta nos olhos dos outros ...

     Sempre que ouço ou vejo algum político, especialmente do governo, costumo me fazer uma pergunta, olhando para um espelho imaginário: você compraria um carro usado desse sujeito? Se a resposta for sim, tendo até a relevar eventuais derrapagens comportamentais, provocadas por compreensíveis desvios ideológicos.
No caso do atual ministro da Justiça (?), José Eduardo Cardozo, minha resposta a esse questionamento interno é sempre negativa. O ministro é, para mim, o exemplo mais acabado da mistificação imposta ao país pelo PT, com aquele seu jeito carrancudo, seu olhar agudo, suas expressões duras. É o que eu classifico como referência de impostor.
     Suas últimas entrevistas sobre a greve de policiais militares na Bahia exibem exatamente esse lado canastrão, falso. Sua condenação expressa das atitudes grevistas reflete a falta de dignidade no comportamento. Hoje, quando a pimenta arde nos seus olhos, ele condena os ‘criminosos’, invocando a lei. Ontem, quando atos semelhantes eram promovidos por seus companheiros da CUT e entidades afins, representavam apenas o sagrado direito dos trabalhadores, contra patrões opressores.
     É um raciocínio vagabundo, explorado à exaustão por essa gente que assumiu o poder há onze anos.
     É evidente, pelo menos para mim, que os líderes da greve baiana extrapolaram na condução do movimento, igualando-se, em palavras e alguns atos, aos bandidos que eles deveriam combater. Mas são palavras e atos exatamente iguais aos que historicamente foram usados pelos movimentos sindicais que dão sustentação ao partido do governo, na sua luta para desestabilizar governos adversários. Mudou, apenas, o alvo direto. Já não é mais um governo ‘da direita’, do PSDB ou DEM. O alvo é o próprio PT, encurralado na sua própria vigarice retórica.
     A participação de uma deputada do PSOL do Rio de Janeiro na elaboração da tática de guerra cria um novo complicador nessa equação que tende a ser resolvida com perdas enormes para a população. Afinal, o PSOL é um dos expoentes da ‘esquerda’, e não dos reacionários tucanos ou demistas.
Fico aguardando novas declarações ministeriais sobre a participação dos radicais de esquerda na baderna instalada na Bahia e que promete espalhar-se pelo país, às vésperas do carnaval. Será que o governo progressista e revolucionário da presidente Dilma Rousseff vai combater grevistas com bombas e cassetetes?
     A presença do PSOL e a ameaça a São Paulo eliminam a discurso fácil e vigarista que tenderia a culpar a direita pelos ataques à democracia petista. Ou será que uma greve em São Paulo seria tratada de maneira diferente? 

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