sábado, 1 de dezembro de 2012

O poder da alcova

     Não dou a menor importância, efetiva, ao fato de o ex-presidente Lula ter uma, duas ou vinte amantes, namoradas ou seja lá o que for. Isso é um problema dele, da Dona Marisa e dos maridos das suas (dele, Lula) amantes. Há alguns meses, escrevi algo semelhante, em relação ao governador Sérgio Cabral e à sua propalada relação com uma vítima de um doloroso acidente aéreo ocorrido na Bahia.
     A vida pessoal de um político - ou de qualquer indivíduo - não deve, jamais ser explorada, usada. Até o ponto, no entanto, em que ela se confunde com as práticas republicanas. Infelizmente, é o que acontece com a relação agora tornada formalmente pública entre o ex-presidente Lula e a recentemente demitida chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Dona Rosemary Novoa.
     Em um texto anterior ('Um conto de terror', de quinta-feira, 29 de novembro), usei a imagem da Marquesa de Santos, célebre amante de D. Pedro I, para dar a dimensão do poder de Dona Rosemary nessa lamentável Era inaugurada em 2003. A Marquesa, odiada na Corte, tinha mais poderes do que vários ministros. A ex-chefe de gabinete de Lula e da presidente Dilma também.
     E é exatamente aí que essa presumida relação entre Lula e sua ex-subordinada exala um mal irreparável. Graças ao poder adquirido entre quatro paredes, Rosemary nomeava, indicava, falsificava, favorecia, viajava o mundo. E - mais um agravante - paga pelos cofres públicos.
     O ex-presidente, como sempre, pego com as calças arriadas, fez o que dele se esperava: fugiu para a Europa, sem comentar os fatos. Mais grave ainda: a presidente do Brasil cancelou uma viagem de trabalho para aguardar, em Brasília, a reportagem de capa que seria publicada - como foi - por Veja.
     Esse é o mais bem acabado retrato do país.

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