domingo, 9 de dezembro de 2012

A morte como bênção

     O mais recente escândalo dessa lamentável Era Lula serviu para, entre outras coisas, reafirmar o alto grau de solidariedade com corruptos e corruptores que existe e prevalece no 'seio' do governo, especialmente quando eles fazem parte do círculo íntimo do poder. Vocês já se deram conta que não houve uma voz, sequer, que ousasse condenar, de fato, o comportamento da ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo, indiciada, também, por formação de quadrilha?
     Nada aconteceu, além do afastamento do cargo, medida que se impunha inexoravelmente. Seria impossível, mesmo nesse governo, que a ex-secretária do ex-presidente Lula, Rosemary Nóvoa, fosse mantida no cargo. Oficialmente, não há críticas, ressalvas. Os porta-vozes oficiais limitaram-se a minimizar o papel não só de Rosemary, mas dos demais quadrilheiros, classificados como de terceiro escalão. Foi assim com os sete ministros da presidente Dilma que caíram, acusados de corrupção.  
     O PT, que esteve reunido em Brasília, sobrevoou o assunto. O ex-presidente, responsável pela projeção da ex-secretária e dos demais envolvidos, não abriu a boca para tratar do assunto, exceto quando acusou a tal nova punhalada nas costas, como de hábito. Providencialmente, mantém-se longe do país, cercado de aparatos de segurança que impedem a aproximação de repórteres. Como se fosse uma girafa, ele não fala. Logo ele, tão loquaz, língua solta para atacar reputações e histórias.
     Soterrada por mais essa demonstração de desastre moral, a companheirada se agarra a qualquer fato que possa desviar as atenções da sordidez que envolve o comando do país nesses últimos dez anos. A morte de Oscar Niemeyer - nesse sentido - foi uma bênção. Durante alguns dias não se falou de outro fato. Bandoleiros de todos os níveis lançaram-se nas alças do caixão, tantando pegar carona no sentimento popular. Foi como se bradassem: "Estão vendo? Ele era um dos nossos!".
     O problema é essa 'imprensa golpista', que, passado o luto, voltou suas lentes novamente para as pilantragens oficiais. O Globo, por exemplo, publicou foto de Rosemary ao lado de José Dirceu e da namorada, em uma praia baiana. Foto recentíssima, obtida alguns dias antes de o escândalo explodir. E outras fotos e histórias surgirão, como surgiram no caso do Mensalão do Governo Lula.
     A própria Rosemary é uma bomba que pode estourar a qualquer momento. Basta, eventualmente, que ela se dê conta do tempo que seu ex-chefe José Dirceu vai passar na cadeia. Basta que ela se imagine de uniforme laranja, com direito a uma hora de sol por dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário