terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Em defesa da democracia

     O chefe da quadrilha que assaltou os cofres públicos durante o primeiro governo Lula, o ex-ministro José Dirceu, continua afrontando a Justiça e a história, com o apoio de personagens deletérios da vida pública. Condenado a dez anos e dez meses de cadeia, insiste em posar de vítima e em apregoar sua suposta vocação de defensor da liberdade e da democracia, algo que jamais foi.
     José Dirceu e uma considerável parte da oposição à ditadura militar instalada no Brasil em 1964 não lutavam pelo primado das liberdades individuais, do respeito aos preceitos democráticos. Lutavam, sim, pela derrubada de um regime de exceção que se mostrou violento e arbitrário e sua substituição por outro tão ou mais deplorável, como os fatos como a queda do Muro de Berlim e o posterior desaparecimento da União Sociética nos provaram.
     A democracia - tão invocada de maneira ignominiosa por elementos que tentavam, por sua vez, solapá-la - não estava nos planos de Dirceu, Genoíno e outros que se filiaram à doutrina comunista. Seu sonho passava pela implantação, no país, de um regime nos moldes do soviético, representado, nas Américas, pela Cuba de Fidel. Com os olhos da época, é até possível entender a adesão ao ideário 'socialista', até por ingenuidade. Na perspectiva atual, é imposível.
     Felizmente para nosso país, os dois lados extremados foram derrotados pela maioria da população, que exigiu e conquistou o direito à democracia, à liberdade, ao primado da Justiça. Embora fruto de um inquestionável movimento popular - o que o explica, mas não justifica, de maneira alguma -, o golpe de estado de 64 rapidamente perdeu o rumo e mergulhou na mais absoluta treva.
     O Brasil viu-se oprimido por um mundo extremamente dividido, maniqueísta. Com muita determinação política e uma madura participação popular, conseguiu reverter um quadro sombrio, de atos de terrorismo, assassinatos, tortura. Essa vitória da consciência nacional não pode ser manipulada por quem vilipendiou a Nação que renasceu com a reconquista da democracia.
     A liberdade que usufruímos hoje não é devida a indívíduos. Ao contrário. É o resultado da afirmação da sociedade como um todo. Uma liberdade que José Dirceu e seus asseclas agrediram, ao investir contra os preceitos mais caros à democracia e à República.

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