segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Câmara defende seus bandoleiros

     É inaceitável que nossos representantes no Congresso lutem para preservar o mandato de um grupo de bandoleiros condenados por uma penca de crimes. E não entro, sequer, no mérito, na discussão acadêmica sobre a essência de artigos da Constituição. Em primeiro lugar, porque a interpretação e defesa legal da Carta Magna cabe ao Supremo Tribunal Federal.
     Ficamos sabendo, hoje, que a Câmara, em especial, está determinada a enfrentar o STF e desrespeitar não apenas a provável decisão de cassar os mandatos dos três quadrilheiros ainda em exercício - João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT) - e evitar que o ex-presidente do PT José Genoino (SP), asuma o mandato em janeiro, como primeiro suplente da legenda. A direção dessa Casa que envergonha o país seguidamente - pela maioria absoluta de seus membros -, também pretende evitar que esses criminosos sejam presos.
     Contumaz na promoção de escândalos, de defesa intransigente de benefícios pessoais, de conivência com personagens deletérios e acobertamento de pilantragens, a Câmara ameaça desmoralizar-se e desmoralizar o Poder Legislativo ainda mais. Ou nossos deputados acreditam que têm mais credibilidade que o STF? Não têm. Políticos em geral são vistos com enormes reservas pela população, que os vincula a vigarices, vagabundagem, enriquecimento despropositado.
     Por trás da alegada 'defesa da Constituição', no entanto, existe a determinação do partido hegemônico e de seus satélites mais ou menos brilhantes confrontarem o Supremo, em retaliação à condenação, principalmente, dos quadrilheiros petistas. Além, é claro, de legislarem em causa própria.
     Mandatos populares não podem ser usados como gazuas para abrir portas de cadeia. Ao contrário. As punições a congressistas degenerados deveriam ser exarcebadas, em função da relevância da função que exercem. A presença de bandoleiros num espaço fundamental à Democracia deveria ser repudiada, no primeiro minuto, pelos próprios congressistas.
     Tivemos, recentemente, um exemplo digno de aplausos: a cassação do ex-senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. Sua presença no Senado seria inconcebível, um atentado à honra da Nação.

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